O Conselho Regional de Economia de Mato Grosso (Corecon-MT) recebeu na noite desta quinta-feira, 27 de novembro, a palestra “Comércio Exterior em Tempos de Protecionismo e Guerra Comercial”, conduzida pelo despachante aduaneiro e consultor Vitor Galesso, profissional com 35 anos de atuação na área.
O encontro reuniu economistas, empresários e estudantes interessados em compreender os efeitos das tensões geopolíticas sobre o comércio internacional e a economia mato-grossense. Durante sua fala, Galesso destacou que a temática reflete o momento atual, marcado por guerras tarifárias e não tarifárias e por disputas que impactam o fluxo global de mercadorias.
Segundo ele, esse cenário exige atenção especial de um estado altamente internacionalizado como Mato Grosso. O palestrante lembrou que, poucos dias antes, foi inaugurado o escritório da ApexBrasil no estado, sediado na Famato, iniciativa que representa uma demonstração clara da preocupação e da visão estratégica de gestores públicos e privados diante do processo de internacionalização vivido ao longo dos últimos 25 anos. Galesso ressaltou que, no período entre 2000 e 2025, Mato Grosso consolidou uma expertise robusta em comércio exterior e se tornou referência nacional tanto em exportações quanto em importações.
Como exemplo, ele recordou que, em 2000, o estado ultrapassou pela primeira vez a marca de um bilhão de dólares exportados e que, em 2023, o volume alcançou 32 bilhões, multiplicando por 30 o valor em pouco mais de duas décadas. Embora seja reconhecido como grande produtor de soja, milho, algodão, carne, couro e outros itens do agronegócio, Galesso enfatizou que o diferencial mato-grossense está na capacidade de buscar insumos no exterior quando necessário e de encontrar compradores ao redor do mundo para os produtos locais, conhecimento que muitos outros estados brasileiros ainda não possuem.
Em sua exposição, o consultor destacou que o comércio internacional em Mato Grosso deixou de ser uma atividade restrita ao agronegócio e passou a alcançar setores industriais e comerciais, além de pequenas empresas que vêm despertando para oportunidades globais. Ele citou como exemplo recente a liberação de um lote de carregadores para veículos elétricos, operação que reforça a presença do estado na fronteira tecnológica.
Também mencionou a eficiência logística conquistada ao longo dos anos, como no caso do salmão importado do Chile, que chega a Cuiabá em quatro dias e à mesa do consumidor da região norte em até seis, demonstrando a modernização dos processos e o domínio técnico desenvolvido pelas empresas locais.
Galesso abordou ainda os avanços em infraestrutura que influenciam diretamente as operações internacionais do estado, entre eles a criação e concessão de ferrovias, a duplicação da BR,163, o fortalecimento das hidrovias e as novas rotas de saída para o Pacífico. Lembrou que, antes discutidos apenas sob a ótica do agronegócio, esses investimentos passaram a sustentar toda a economia mato-grossense.
O palestrante observou que, mesmo sendo um setor estratégico e ligado ao planejamento econômico, ainda há poucos economistas atuando no comércio exterior e reforçou a importância de ampliar essa participação, já que se trata de uma área em expansão e essencial para o desenvolvimento regional.
Vitor Galesso concluiu afirmando que o comércio internacional deixou de ser apenas uma ferramenta do agronegócio e se transformou em instrumento de desenvolvimento econômico, ampliando as possibilidades de crescimento para todas as cadeias produtivas e consolidando Mato Grosso como uma das principais potências comerciais do país.
