Primeiro foi o silêncio. O luxo do excesso e da ostentação pedia mais quietude, sem ruídos inconvenientes. Depois, veio o tempo. Pausas para a introspecção e mergulhos de autoconhecimento entraram na agenda como antídotos necessários à rotina estressante do trabalho em ritmo acelerado. Agora, é a vez dos pés no chão. A expressão inglesa barefoot luxury (literalmente “luxo descalço”) traduz um novo modo de viver bem. O conceito nasceu em destinos paradisíacos do Sudeste Asiático e ganhou força ao se tornar mantra de resorts e spas mundo afora. Em seguida, subiu a bordo de iates mediterrâneos. Até inspirar o design de empreendimentos imobiliários de alto padrão no Brasil.
Em Balneário Camboriú, vitrine mais verticalizada do litoral catarinense, o Auris Residenze desafia a paisagem de arranha-céus com a proposta de um “refúgio vertical” que respira, purifica e devolve à cidade um pouco da harmonia natural que o urbanismo acelerado costuma roubar. Idealizado pelo Fischer Group e assinado pelo arquiteto italiano Marco Casamonti, do premiado estúdio Archea Associati, o projeto é descrito como o primeiro “edifício-árvore” da região.
Com apenas 26 unidades (uma por andar), o Auris incorpora tecnologias que tornam o bem-estar um ativo de valor: sistemas de filtragem que garantem água potável em todos os pontos do edifício, ar purificado com controle de CO₂ até nas garagens e paisagismo funcional com espécies nativas integradas à fachada.
Certificado pelos selos internacionais WELL e LEED, o empreendimento traduz de forma concreta a filosofia do novo luxo: aquele que privilegia a saúde, o conforto e a longevidade. “Mais do que um endereço, o Auris representa um modo de viver que une sofisticação e autenticidade, arte e tecnologia, mas com o olhar voltado à vida em sua essência”, resume a proposta do grupo, cuja história remonta ao Hotel Fischer, inaugurado nos anos 1950 e símbolo da hotelaria de luxo em Santa Catarina.
O litoral catarinense é também onde floresce a filosofia Building With Nature, adotada pela Blue Heaven Empreendimentos. Com assinatura de dois renomados escritórios de arquitetura – Triptyque e Architects Office – o Infinitá Treehouse, em Itajaí, pode não ser considerado um “edifício árvore”, mas a flora mundial está bem representada em sua área de lazer, cujos ambientes foram batizados com os nomes Magnólia, Carvalho, Acácia, Sequoia e Baobá.

“Quando escolhemos nomes de árvores para os espaços de lazer, não é apenas uma homenagem simbólica. É a materialização da ideia de que morar bem significa estar conectado com a essência da vida”, afirma Fabrício Bellini, CEO da Blue Heaven. Os apartamentos têm entre 350m² e 805m² e os preços partem de R$ 9 milhões.
O projeto já foi premiado internacionalmente, tanto no Global Architecture & Design Awards 2023 quanto no People’s Choice Award do LOOP Design Awards 2024. Todos os apartamentos serão entregues com piscinas de vidro e pisos em pedras vulcânicas. Na lateral do edifício, o jardim suspenso a 65 metros de altura contribui para o conforto térmico e reaproveitamento de água pluvial com potencial de redução de até 60% no consumo.
Sobre as águas
Quem já colocou os pés em um veleiro ou iate sabe que sapatos não são bem-vindos a bordo. Mesmo os chinelos precisam ter solados claros. E o melhor mesmo é andar descalço. Por isso, nada mais apropriado que incorporar o conceito de barefoot luxury nas embarcações de alto padrão. A italiana Azimut Yachts, que possui uma unidade produtiva no Brasil desde 2010, evidencia essa onda com maestria. Suas embarcações continuam a ostentar a qualidade e o desempenho que consagraram a marca, mas agora em seu design náutico segue uma nova ótica: menos brilho, mais bem-estar. “O luxo do futuro será cada vez mais emocional e menos material”, afirma Andrea Consolini, CEO da Azimut Yachts do Brasil. “Hoje, o verdadeiro privilégio está em viver o tempo de forma plena, cercado por beleza, liberdade e propósito.”
A crença do CEO se materializa no Azimut Grande 25 Metri, lançado no Brasil e já considerado um ícone do luxo sensorial. O iate combina leveza estrutural, graças à superestrutura em fibra de carbono, com design contínuo entre interior e exterior. As janelas panorâmicas inundam os ambientes de luz natural, enquanto a varanda lateral retrátil se abre diretamente para o mar, transformando o convés em uma extensão do oceano. Dentro, materiais nobres e texturas orgânicas em tons neutros criam uma atmosfera de serenidade e conforto.
Mais do que uma tendência estética, o barefoot luxury é um movimento de valores. Ele reflete uma busca por autenticidade e equilíbrio num mundo saturado de excessos. Seja ao pisar descalço no deck de um iate ou no piso de madeira natural de um apartamento que respira, trata-se de uma nova forma de expressar o privilégio. Não pela ostentação, mas pela leveza de ser.