A deputada federal Coronel Fernanda (PL-MT) afirmou que enfrentou episódios “fora do comum” durante sua entrada na política, especialmente na campanha suplementar ao Senado, em 2020. Em entrevista ao podcast Política de Primeira, ela descreveu situações que classificou como atípicas e que, à época, levantaram suspeitas de sabotagem.
Segundo ela, a transição da carreira militar, onde atuou por mais de 25 anos e alcançou a patente de coronel, para o ambiente político revelou um cenário imprevisível, com disputas intensas e episódios que não se enquadravam em sua experiência prévia na segurança pública.
Episódios no avião e no carro levantaram suspeitas
No relato mais delicado, a deputada mencionou que houve um incidente envolvendo a aeronave em que viajava. O caso, segundo ela, demorou a receber esclarecimentos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o que ampliou sua desconfiança.
Ela afirmou que, “até hoje”, não concorda com a explicação oficial e considera que o episódio deixou muitas dúvidas. Na mesma campanha, outro episódio, dessa vez envolvendo um veículo, também teria aumentado o clima de alerta em sua equipe.

Coronel Fernanda disse que, diferentemente do ambiente militar, a política cria situações em que “o adversário está ao seu lado e você não percebe”, e que isso exigiu dela um repertório emocional e estratégico inesperado.
“Eu tinha limitações. O opositor, não”
Na entrevista, a deputada reforçou que sua percepção de risco vinha da comparação com sua rotina na Polícia Militar, marcada por regras claras, protocolos e limites institucionais. No ambiente político, segundo ela, esses limites não existiam da mesma forma.
“Eu tinha limitações, mas o criminoso não. Na política, você não sabe qual é a intenção de quem está perto de você.”
Embora não tenha apresentado provas formais ou detalhado nomes, grupos ou situações específicas, ela afirmou que viveu momentos de tensão suficiente para “usar todo o conhecimento” adquirido na carreira militar.
Falta de apoio e aprendizado político
Coronel Fernanda afirmou que, em 2020, fez campanha praticamente “sozinha”, com estrutura reduzida e dependente da própria capacidade de articulação. Disse que sua falta de conhecimento sobre o jogo político e sua pouca rede de apoio contribuíram para que situações suspeitas se tornassem mais difíceis de avaliar e enfrentar.
Ela também destacou que, após ser eleita deputada federal em 2022, passou a compreender melhor quem eram seus adversários e quais grupos atuavam contra ela. Esse aprendizado, segundo ela, a tornou “mais preparada para reagir” no ambiente político.
Questionada se registrou boletim de ocorrência sobre os supostos episódios de sabotagem, a deputada disse que não. Segundo ela, quando buscou esclarecimentos, especialmente sobre o caso da aeronave, a resposta oficial demorou, e naquele momento ela não tinha estrutura suficiente para conduzir uma investigação paralela.
Construção de casca política
Para Coronel Fernanda, os episódios de 2020 moldaram a forma como ela atua hoje no Congresso. Ela afirma ter desenvolvido uma espécie de “blindagem emocional”, combinando experiência militar com aprendizado político. “Hoje eu sei quem são meus adversários, quem planta notícia falsa, quem tenta me diminuir.”
Apesar disso, ela disse acreditar que os episódios mais graves ficaram no passado e que, atualmente, se sente mais segura e preparada para identificar riscos e responder politicamente a ataques.
Assista a entrevista completa abaixo: