O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que anunciará nesta segunda-feira (10) tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para o país.
O Brasil deve ser um dos países afetados pela medida.
De acordo com dados do Anuário da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), em 2024, a indústria nacional exportou US$ 796 milhões (R$ 4,5 bilhões na atual cotação) para os EUA — 14% do total das exportações do setor.
Houve um aumento de 16% em relação a 2023, quando foram exportados US$ 685 milhões (R$ 3,9 bilhões) — 15% do total das exportações.
Produtos de alumínio
Das 541,9 mil toneladas de alumínio e produtos exportadas em 2024, 72,451 mil toneladas (25%) foram destinadas aos Estados Unidos.
Os produtos semimanufaturados — que sofreram transformação, mas não foram totalmente acabados — e manufaturados — totalmente acabados — somam 182,2 mil toneladas. Do total, 58,579 mil toneladas (32%) foram para os norte-americanos.
Houve um aumento dos valores em relação a 2023. No ano, das 522,7 mil toneladas produzidas e exportadas, 59 mil foram para os EUA, correspondendo a 11%. Entre os produtos semimanufaturados e manufaturados, das 161,6 mil toneladas feitas, 54,471 mil toneladas foram destinadas aos EUA (34%).
Aço
Os produtos semi-acabados de ferro ou aço aparecem na segunda posição entre as dez principais exportações para os Estados Unidos no último ano, ficando apenas atrás de óleos brutos de petróleo, segundo a Câmara de Comércio Brasil-EUA.
Foram US$ 3,5 bilhões (R$ 20,3 bilhões) em exportações. O valor apresentou uma queda de 26,6% em relação a 2023, quando foram exportados US$ 4,8 bilhões (R$ 27,7 bilhões).
Empresas atingidas
As tarifas de Trump devem atingir três siderúrgicas instaladas no Brasil: ArcelorMittal, Ternium e CSN.
De acordo com relatos feitos à CNN por executivos da indústria, essas companhias lideram as exportações de semiacabados de aço (principalmente laminados planos) para o mercado americano, que totalizaram US$ 2,8 bilhões em 2024.
No caso da ArcelorMittal e da Ternium, as principais exportações de semiacabados para os Estados Unidos têm sua produção localizada em Pecém (CE) e no Rio de Janeiro (a antiga Companhia Siderúrgica do Atlântico).
Trata-se, segundo fontes, de vendas que abastecem as próprias siderúrgicas americanas em produtos finais.
Na avaliação de fontes do setor, o Brasil tem um ponto que pode ser colocado em futuras negociações com o governo Trump: para fabricar esse aço, compra cerca de US$ 1 bilhão por ano em carvão proveniente dos Estados Unidos.
Ou seja: menos produtos siderúrgicos fabricados no Brasil significam também menos importações de carvão americano.
Brasil reagirá com cautela
O governo brasileiro não se surpreendeu com o anúncio das tarifas de Trump.
Esses dois setores já haviam sido objeto de políticas protecionistas na primeira passagem de Trump pela Casa Branca e já se esperava, em Brasília, que essa atitude voltasse em algum momento no começo de sua segunda gestão.
A avaliação preliminar de integrantes da área econômica é que a medida anunciada por Trump não foi totalmente ruim porque é unilateral, voltada a todos os fornecedores, sem estar direcionada ao aço e ao alumínio do Brasil em particular.
Menor venda de aço no Brasil
Em dezembro do ano passado, a indústria siderúrgica estimou quedas na produção e nas vendas de aço no Brasil em 2025, após um 2024 acima do esperado pelo setor. A queda viria diante de perspectivas de menor crescimento da economia e piora do quadro fiscal do país no próximo ano.
A produção de aço bruto do Brasil em 2025 vai cair 0,6%, para 33,58 milhões de toneladas, enquanto as vendas no mercado interno deverão recuar 0,8%, para 21 milhões de toneladas, previu a entidade.
A expectativa para o consumo aparente, métrica que reúne as vendas no mercado interno de produtos feitos no país e importados, é de avanço de 1,5%, para 26,66 milhões de toneladas.
*Com informações de Daniel Rittner