O governo de Donald Trump avisou os demais países do G20 que não negociará o comunicado de finanças do grupo em reunião de ministros e presidentes de bancos centrais que acontece em fevereiro.
A CNN teve acesso à comunicação que os Estados Unidos circularam entre a diplomacia dos demais países. Os encontros diplomáticos acontecem na África do Sul, que preside o G20 em 2025.
A mensagem indica que a nova administração dos EUA está em processo de definir suas prioridades e visões em uma série de questões. Por isso, não estaria em posição de negociar ou assinar o comunicado na reunião que acontece entre 26 e 27 de fevereiro.
Segundo a mensagem do Tesouro norte-americano, a decisão em nada implica para futuras posições dos EUA no G20. A diplomacia de outros países não descartam que este, no entanto, seja um sinal de que Trump tentará esvaziar o fórum.
Contribui para esta percepção que Washington não enviou representante de alto escalão para a reunião de ministros das Relações Exteriores do G20 que acontece em Johannesburgo a partir desta quinta-feira (20).
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, recusou-se a comparecer à reunião após criticar políticas do governo sul-africano. A encarregada de negócios da embaixada americana em Pretória, Dana Brown, será a representante dos Estados Unidos.
Diplomatas aguardavam estes encontros do G20 para “medir a temperatura” do tratamento que Trump dará à agenda multilateral – a qual critica publicamente.
As trilhas do G20
O G20 é organizado em duas “trilhas”, de finanças e de “sherpas”. Para a primeira, a presidência sul-africana prevê mais três reuniões ministeriais (abril, julho e outubro). Estas serão novas oportunidades para os EUA negociarem comunicados.
A trilha de finanças sob presidência brasileira, no ano passado, emplacou em comunicado sinalizações ao combate à desigualdade social e fomento à economia sustentável – inclusive com menção à taxação de super-ricos. Os acordos ministeriais, avaliaram quadros da diplomacia, pavimentaram o caminho para incluir estes termos no comunicado final do grupo.
Assim como em presidências anteriores, na África do Sul, os principais desafios para o consenso são os conflitos geopolíticos. Desta vez, porém, pairam incertezas adicionais, que dizem respeito à posição dos Estados Unidos em relação ao tema, disseram fontes da diplomacia brasileira à CNN.