Uma área de 78 hectares, equivalente a 109 campos de futebol, foi destruída por um garimpo ilegal na Terra Indígena Sete de Setembro, do povo Paiter Suruí, localizada entre Mato Grosso e Rondônia.
Imagens de satélite divulgadas pelo Greenpeace Brasil na última quinta-feira (27) mostram a dimensão do desmatamento na região; veja abaixo:
Garimpo e destruição de terra indígena
Conforme a denúncia feita pela Organização Não Governamental (ONG) Greenpeace, a área total da terra indígena é de 248 mil hectares. Desses, 60% fica no município mato-grossense de Rondolândia, a 1.600 km de Cuiabá.
Há mais de 10 anos o garimpo é uma atividade de ameaça à Sete de Setembro. Pelas imagens de satélite é possível ver uma área de 78 hectares de atividade garimpeira, concentrada principalmente nas ramificações do rio Fortuninha, região central da terra indígena.

No ano passado, o Greenpeace realizou um levantamento para denunciar o avanço do garimpo na região sul do Amazonas.
Até então, a área destruída por garimpo na terra indígena era de 55 hectares em 2022, passando para 72,16 hectares em 2024 e crescendo novamente neste ano, conforme dados da ONG.
Diante disso, o povo Paiter Suruí enfrenta o aumento de conflitos territoriais entre invasores e comunidades locais, que continuam resistindo à várias formas de pressão para a apropriação e exploração de seus recursos naturais.
“É urgente e necessário que as autoridades tomem medidas de proteção ao povo Paiter Suruí, realizem ações de fiscalização e monitoramento da atividade garimpeira e promovam ações de desintrusão dos invasores”, diz trecho da denúncia.
O foco dos garimpeiros são os diamantes presentes na região, além de ouro e cassiterita, itens que tem atraído cada vez mais a atividade garimpeira, inclusive, de pessoas vindas de outros estados para praticarem a atividade ilegal.
Além da ameaça e violência contra os povos indígenas, o garimpo destrói e contamina o meio ambiente devido ao mercúrio – substância tóxica amplamente utilizada na extração de ouro, já que é capaz de separar o metal precioso dos sedimentos, durante a mineração.
O uso de escavadeiras para garimpar a terra indígena é outro ponto de preocupação do Greenpeace, já que esses maquinários abrem novas áreas de exploração equivalentes ao que três homens só fariam durante 40 dias, aumentando o poder de devastação das áreas naturais.
Marco Temporal: a situação das terras indígenas
Em sua denúncia, o Greenpeace citou a recente divulgação da minuta de Lei Complementar por parte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes – resultado das reuniões da Mesa de Conciliação do Marco Temporal.
Segundo a tese do Marco Temporal, os povos indígenas têm direito apenas às terras que ocupavam ou já disputavam na data de promulgação da constituição de 5 de outubro de 1988.
Um dos pontos controversos na tese seria a permissão para a exploração de minerais estratégicos em terras indígenas em diferentes territórios brasileiros.
Caso a proposta seja aceita, como alerta o Greenpeace, casos como a destruição da Terra Indígena Sete de Setembro serão “cada vez mais frequentes e comuns”.
O Greenpeace
O Greenpeace é uma organização ambiental que atua há mais de 30 anos na defesa dos ecossistemas do país, denunciando e confrontando governos, empresas e projetos que incentivam a destruição da Amazônia e ameaçam o clima global.
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