Apesar da maior digitalização dos meios de pagamento, os Microempreendedores Individuais (MEIs) ainda usam ferramentas analógicas na hora de gerir os negócios. Esse é o principal resultado da pesquisa “O Corre do MEI em 2024”, feita pela MaisMei.
Segundo os dados de outubro de 2024 do Sebrae, o Brasil tem 11,5 milhões de MEIs ativos.
O Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, é o método de pagamento mais escolhido pelos microempreendedores individuais, sendo utilizado por 59,86% dos entrevistados. O percentual sobe para 65,54% entre os prestadores de serviços.
Porém, métodos analógicos de pagamento, como o dinheiro, são o principal meio de pagamento em 11,29% dos microempreendimentos.
O CEO e cofundador da MaisMei, Mateus Vicente, avalia que o Pix revolucionou a economia brasileira por ser rápido, gratuito e acessível. Esses pontos facilitam a vida do microempreendedor.
“O microempreendedor brasileiro é adaptável. Ele não espera o futuro chegar: ele usa o que funciona, e rápido”, diz o CEO da MaisMei.
Por outro lado, a digitalização ainda enfrenta resistências. Cerca de 41,91% dos microempreendedores não vendem por maquininhas de cartão. Já as vendas continuam preferencialmente em espaços físicos para 42,6% dos negócios; a mescla entre vendas on-line e presenciais acontece em 31,2% dos microempreendimentos, e a venda exclusivamente online em 26,2%.
Cerca de 51,06% dos entrevistados preferem o uso de cadernos para a gestão de vendas e despesas do negócio, enquanto 15,51% usam planilhas eletrônicas para gerenciar o caixa. Essa preferência sugere resistência à digitalização, afirma a chefe contábil da MaisMei, Kályta Caetano.
“Existe um paradoxo: o MEI adere facilmente a tecnologias para vender e receber, mas ainda resiste quando o assunto é gestão. Isso mostra que precisamos democratizar o acesso à educação em gestão e finanças”, avalia.
“Quando o MEI entende que ferramentas simples ajudam a manter o negócio em ordem e a evitar problemas com o governo, ele ganha mais controle para crescer com estrutura e segurança”.
Em paralelo, os microempreendedores explicam que suas principais necessidades são controle e organização (13,02%), seguido por financiamento (12,97%). No entanto, 66,3% dos empreendedores só procuram um contador quando precisam cumprir obrigações fiscais, como a entrega da DASN ou a emissão de nota fiscal.
“A ideia de que o MEI não precisa de contador foi amplamente difundida desde sua criação, levando muitos microempreendedores a acreditarem que ‘dar conta sozinho’ basta. Além disso, há uma barreira econômica e emocional: muitos MEIs vêm da informalidade e veem qualquer custo fixo como um risco, sem perceber o retorno de um investimento em gestão”, argumenta a chefe contábil da MaisMei.
Essa ânsia por organização pode se dar pela mescla das finanças empresariais e pessoais. A pesquisa também mostra que cerca de 23% dos microempreendedores usam contas bancárias pessoais ou não têm conta específica para o CNPJ.
“A separação entre finanças pessoais e do negócio é um divisor de águas na saúde financeira do MEI. Ter uma conta exclusiva é um passo básico, mas poderoso para essa organização”, finaliza Kályta.
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