A vereadora Michelly Alencar (União Brasil) tem enfrentado críticas após anunciar a destinação de uma emenda parlamentar de R$ 1,2 milhão para a aquisição do medicamento Mounjaro, utilizado no tratamento da obesidade.
O anúncio gerou controvérsia principalmente diante da falta de medicamentos básicos nas unidades de saúde de Cuiabá, como dipirona, apontada pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT).
“Dipirona é importante? Muito. Eu sou fiscalizadora da saúde e luto por isso. Mas o Mounjaro também é. Obesidade é uma doença crônica. As pessoas morrem por causa disso”, rebateu a parlamentar nesta terça-feira (17).
Michelly argumenta que o medicamento, aprovado pela Anvisa, vai beneficiar pessoas com obesidade grave e que não têm acesso ao tratamento, geralmente restrito à população de alta renda.
Além disso, lembra que medicamentos como dipirona já é de responsabilidade do município, enquanto os utilizados no tratamento da obesidade não são disponibilizados pela rede pública.
“A dipirona já é uma responsabilidade da gestão, e eu estou destinando emenda para salvar vidas. Eu poderia, por exemplo, destinar emenda para fazer uma corrida, para fazer um torneiro de futsal, um amadorsão, mas eu estou destinando para tratamento de uma doença crônica, de uma doença séria que mata as pessoas”, completou colocando ainda que Cuiabá pode entrar para história ao oferecer esse tratamento.
“Estamos fazendo história. Cuiabá será a primeira capital do país a ofertar um tratamento eficaz contra a obesidade para pessoas de baixa renda. Isso é sobre salvar vidas”, afirmou.
A parlamentar ainda contestou a forma como parte da população tem tratado o uso do Mounjaro, sugerindo que há desinformação em torno da proposta.
“Estão achando que é para deixar as pessoas mais bonitas. Não é isso. É para combater uma doença grave, que leva a problemas cardíacos, AVCs e morte”, explicou.
Segundo ela, houve pesquisa e planejamento antes da apresentação da proposta, e a escolha da emenda foi feita com base em dados sobre o impacto da obesidade em Cuiabá, que hoje está entre as capitais com maiores índices da doença no Brasil.
“Foram meses pesquisando evidências. É irresponsável criticar uma medida que pode transformar vidas”, finalizou.
As críticas a propositura da vereadora ocorrem em meio a relatório técnico divulgado pelo Ministério Público, que aponta que 25% dos medicamentos listados na Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remume) estão em falta na rede municipal.
A vistoria realizada em 28 de maio de 2025 constatou a ausência de 39 dos 153 medicamentos obrigatórios, entre eles dipirona, amoxicilina e metformina.
Além do desabastecimento, o Ministério Público identificou problemas logísticos, como a ausência de transporte adequado para a distribuição dos insumos e o descarte de medicamentos vencidos, como 1 milhão de comprimidos de Enalapril.
Centro de Emagrecimento
Nesta terça-feira (17), o prefeito Abilio Brunini (PL), inclusive, anunciou que vai criar um centro de emagrecimento no prédio da antiga Unic Barão, no bairro do Porto, onde funcionará a nova Secretaria de Saúde do município. O espaço contará com avaliação médica e encaminhamento para exames.

Além disso, o prefeito informou que vai dobrar o valor da emenda destinada pela vereadora Michelly Alencar (União), que foi de R$ 1,2 milhão para a compra de medicamentos para emagrecimento, como o Mounjaro.
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