A novela da retomada das obras da UFN3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III) da Petrobras, em Três Lagoas, foi um dos assuntos da entrevista com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, no podcast Política de Primeira.
“O projeto está andando. É um projeto longo, são 5 bilhões de reais em investimentos, isso tudo é feito com muito detalhe. Resumo da ópera: agora por conta da crise, da guerra Israel x Irã, quem estava apresentando as propostas pediu um pouco mais de, não só por isso, incertezas, Trump e tudo mais, pediu um pouco mais de prazo pra apresentar as propostas. Então nós vamos ter até o final de agosto, setembro, provavelmente, algumas propostas sendo colocadas, dividimos em lotes pra terminar. Tudo dando certo, já em janeiro, fevereiro, a gente tem condições de assinar o contrato pra retomada da fábrica, que leva um ano e meio pra terminar”, declarou.
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Em outubro de 2024, a Petrobras divulgou um comunicado informando que seu Conselho de Administração aprovou a continuidade da implantação da fábrica. Atualmente, o projeto básico e executivo está em andamento.
“A Petrobras vai pagar pras empresas. Aí se no futuro, depois de pronta, se o próximo presidente quiser vender [a fábrica], é outra situação. Eu comecei essa fábrica como prefeita e quero deixar o ministério com isso encaminhado também”, destacou a ministra.
Com avanço físico de cerca de 81%, as obras da UFN3 estão paradas desde dezembro de 2014. Depois disso, o empreendimento chegou a ser colocado à venda, mas o processo não foi concluído. A reavaliação do projeto começou em 2023, em função da aprovação do retorno da companhia ao segmento de fertilizantes.
E o gás para a UFN3?
“A Petrobras não vai terminar uma fábrica se não tiver insumo. A Bolívia, por questões políticas, administrativas e financeiras, não está com capacidade de financiamento e parou os investimentos. Lá tem muito gás, o que falta é investimento. Tanto que eu advogo que a Petrobras, ficando sócia, óbvio, ninguém vai jogar dinheiro fora, que ela tem que fazer investimento na Bolívia, pro bem de Mato Grosso do Sul e do Brasil. Ela se torna sócia, perfura, tem expertise e recurso, e a gente traz mais gás. Essa é uma opção”, afirmou Simone Tebet durante o podcast.
“A segunda opção seria trazer uma parte do gás que a própria Petrobras já faz. Nós precisamos de 2 milhões de metros cúbicos, a Petrobras produz mais de 20. Então tiraria de algum lugar pra poder passar pra cá. Ou Vaca Muerta, na Argentina, também tem interesse de atravessar via Paraguai e trazer gás pro Brasil. Então as alternativas estão na mesa. Ninguém faz investimento de 5 bilhões pra depois ver de onde vai trazer [insumo]”.

Sobre a UFN3
Com previsão de início da operação em 2028, a fábrica de fertilizantes de Três Lagoas deve produzir, anualmente, cerca de 1,2 milhão de toneladas de ureia e 70 mil de toneladas de amônia, de acordo com a Petrobras.
A unidade localiza-se próxima aos principais mercados consumidores destes produtos e atenderá majoritariamente os estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Paraná e São Paulo.
Além disso, o projeto apresenta modernos equipamentos e tecnologias em produção de fertilizantes, resultando em elevada eficiência da planta.
A amônia é uma matéria-prima para a produção de fertilizantes e petroquímicos, além de outros produtos agropecuários; e a ureia é o fertilizante nitrogenado mais utilizado no Brasil, cuja demanda nacional é estimada em cerca de 7 milhões de toneladas para 2024, sendo integralmente importada atualmente.
O milho é a principal cultura para demanda de ureia fertilizante no Brasil, mas o produto também é utilizado no cultivo de cana-de-açúcar, café, trigo e algodão, entre outros. A ureia também será destinada ao segmento da pecuária, utilizada como complemento alimentar para animais ruminantes.