• Home
  • Política
  • especialistas alertam para ameaça a territórios tradicionais

especialistas alertam para ameaça a territórios tradicionais

Aprovado na madrugada desta quarta-feira (16) pela Câmara dos Deputados, o projeto de lei que cria a nova Lei Geral do Licenciamento Ambiental gerou forte reação de entidades socioambientais em todo o país.

Organizações ambientais criticam a aprovação do PL da Devastação. (Foto: reprodução)

Popularizado entre os ambientalistas como “PL da Devastação” ou “PL da Invasão”, o texto é criticado por fragilizar instrumentos de proteção ambiental e abrir brechas para impactos em áreas sensíveis, como florestas e territórios tradicionais ainda não reconhecidos oficialmente pelo governo.

Entidades se manifestam contrárias

Para a diretora-executiva do Instituto Centro de Vida (ICV), Alice Thuault, o projeto é um verdadeiro desmonte do licenciamento ambiental que, segundo ela, é o maior instrumento que existe hoje para controlar possíveis danos ambientais.

Ainda segundo Thuault, em Mato Grosso existem vários territórios não reconhecidos oficialmente pelos órgãos, o que coloca em risco essas localidades.

“A gente sabe que há vários territórios tradicionais que hoje não são formalizados — territórios quilombolas, indígenas também — e, sem o controle sobre os riscos e impactos no licenciamento ambiental, esses territórios e as florestas passam a ser ameaçados por empreendimentos privados”, disse.

Para a representante da Environmental Justice Foundation (EJF) no Brasil, Luciana Leite, a aprovação do projeto representa “um dos maiores retrocessos ambientais nas últimas décadas”.

“A nova lei enfraquece legislações ambientais já consolidadas no Brasil, como a Lei da Mata Atlântica, e também instituições que têm sido estruturais na política socioambiental brasileira, como o Iphan e o Ibama. Além disso, permite a ampliação do sistema autodeclaratório, inclusive para empreendimentos de grande porte e potencialmente de grande impacto, como mineração e hidrelétricas, somando-se às preocupações ambientais e técnicas”, afirmou Luciana Leite.

Ela também criticou a ampliação do modelo autodeclaratório — que permite ao empreendedor atestar, por conta própria, que cumpre as exigências ambientais — mesmo em projetos de alto impacto, como mineração e hidrelétricas.

IOF
Senado votou a proposta na madrugada desta quinta-feira. (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

Polêmica na aprovação do texto

Outro ponto que gerou indignação foi a forma como o projeto foi aprovado: durante a madrugada, em sistema semi-presencial e sem debate público.

“Houve uma tentativa de silenciar a participação da sociedade civil. A votação aconteceu de madrugada, abafando a resistência social que vinha se formando. É uma manobra que preocupa profundamente quem defende o meio ambiente e a democracia”, afirmou Luciana Leite.

Como foi a votação?

A proposta foi aprovada por 267 votos a favor e 116 contra e segue agora para sanção presidencial.

O Ministério do Meio Ambiente já se manifestou contra o projeto. Parte do governo, porém, como os ministérios da Agricultura e de Minas e Energia, apoia a medida sob o argumento de que ela promove “desburocratização”.

O que muda com a nova lei?

Entre os principais pontos da nova Lei Geral do Licenciamento Ambiental estão:

  • Autolicenciamento nacional: empreendedores podem declarar pela internet que cumprem requisitos ambientais, sem análise prévia. A medida passa a valer para todo o país, inclusive em empreendimentos de médio porte com alto potencial poluidor.
  • Dispensa de licença: obras como ampliação de estradas, atividades agropecuárias, sistemas de água e esgoto e pequenas barragens poderão ser feitas sem necessidade de licença ambiental.
  • Renovação automática: licenças passam a ser renovadas automaticamente se o empreendedor declarar que não houve mudanças no projeto.
  • Desmonte de normas federais: o texto esvazia o poder de órgãos como Ibama, Iphan e Conama, transferindo responsabilidades para estados e municípios.
  • Ameaça a florestas e territórios tradicionais: comunidades indígenas e quilombolas ainda não reconhecidas oficialmente deixam de ser consideradas no processo de licenciamento, colocando milhões de hectares em risco.
  • Risco a sítios arqueológicos: o Iphan só poderá atuar se houver patrimônio histórico já registrado no local, o que pode deixar áreas valiosas desprotegidas.

Clique aqui para acessar a Fonte da Notícia

VEJA MAIS

Denunciada por abrigos precários, Prefeitura formaliza ‘Inverno Acolhedor’

Na mira do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por situação precária nos…

Polícia apreende quantidade enorme de entorpecentes e desmonta depósito de facção em MT

Polícia apreende quantidade enorme de entorpecentes e desmonta depósito de facção em MT – CenárioMT…

5 políticos brasileiros que usam tornozeleira eletrônica

O uso de tornozeleiras eletrônicas por políticos brasileiros voltou a chamar a atenção das redes…