Enquanto Brasil tenta acordo, EUA mantêm tarifa de 50% para 1º de agosto

O governo dos Estados Unidos confirmou neste domingo (27) que a tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil entra em vigor na próxima sexta-feira, dia 1º de agosto, sem possibilidade de prorrogação.

Nesta semana, uma comitiva de senadores está no país americano tentando uma negociação.

A informação foi dada pelo secretário de Comércio, Howard Lutnick, em entrevista ao programa Fox News Sunday.

“Com certeza não haverá mais prorrogações, não haverá mais carência. As tarifas estão programadas para o dia 1º de agosto. Colocaremos a Alfândega para começar a coletar o dinheiro”, afirmou Lutnick.

Segundo ele, o presidente Donald Trump está aberto a negociar com outras nações, mas indicou que o diálogo com o Brasil pode enfrentar obstáculos.

“Obviamente, após 1º de agosto, as pessoas ainda poderão falar com o presidente Trump. Ele está sempre disposto a ouvir. Até lá, acho que o presidente vai falar com muitas pessoas. Se elas podem fazê-lo feliz é outra questão”, disse.

No entanto, oito senadores de diversos partidos e correntes políticas estão em Washington tentando negociar com Trump. Os parlamentares são:

• Nelsinho Trad, do PSD de Mato Grosso do Sul;
• Tereza Cristina, do PP de Mato Grosso do Sul;
• Jaques Wagner, do PT da Bahia;
• Marcos Pontes, do PL de São Paulo;
• Rogério Carvalho, do PT de Sergipe;
• Carlos Viana, do Podemos de Minas Gerais;
• Fernando Farias, do MDB de Alagoas;
• Esperidião Amim, do PP de Santa Catarina.

Agenda em Washington

Nesta segunda-feira (28), os senadores vão se reunir com empresários na embaixada brasileira, em Washington, e na Câmara de Comércio dos Estados Unidos.

Na terça-feira (29), o encontro será com autoridades e pelo menos seis parlamentares americanos dos dois partidos: o Democrata e o Republicano, o mesmo de Trump.

Já na quarta-feira (30), os senadores brasileiros se reunirão com representantes da sociedade civil.

Tarifaço contra o Brasil

O anúncio oficial das tarifas foi feito em 9 de julho, por meio de uma carta enviada por Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No documento, o norte-americano alegou “perseguição política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, como justificativa para a medida.

Além da tarifação, os Estados Unidos iniciaram uma investigação sobre práticas comerciais consideradas “desleais” por parte do Brasil. Entre os alvos da apuração está o sistema de pagamentos instantâneos Pix.

O governo Trump também revogou os vistos do ministro do STF Alexandre de Moraes, de seus familiares e de aliados na Corte.

Em resposta, o presidente Lula declarou estar disposto a dialogar com o governo americano e afirmou que Trump foi “induzido a acreditar em uma mentira”.

O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, junto ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, lidera a articulação diplomática com os EUA. Um comitê foi criado para discutir o impacto das tarifas com o setor produtivo brasileiro.