A ex-deputada federal e atual diretora da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Rosa Neide, fez um alerta contundente durante participação no Podcast Política de Primeira: facções criminosas já exercem influência direta em eleições no Brasil.
A declaração reacende o debate sobre a infiltração do crime organizado na política e os riscos que isso representa para a democracia.
“Facções já estão dentro do processo político”
Segundo a dirigente, há estudos que apontam que cerca de 25% da população brasileira mantém algum tipo de relação com facções criminosas, o que cria terreno fértil para a manipulação de votos. “Essas facções já comandam em torno de 50 milhões de pessoas. Essas pessoas votam, e muitas vezes são orientadas a apoiar representantes ligados ao crime”, afirmou.
Rosa Neide destacou que o problema não é isolado: reportagens já revelaram casos em ao menos 42 cidades nas eleições de 2024 em que houve interferência direta de facções. Para ela, o Brasil corre risco de seguir o caminho de países como a Colômbia, onde o poder paralelo chegou a se sobrepor ao Estado.
Veja trecho no vídeo abaixo:
Risco de avanço institucional
O alerta vai além do nível municipal. A ex-parlamentar considera que, se nada for feito, as facções podem chegar a eleger governadores ou ampliar o controle sobre o Congresso. “Onde tem poder econômico, tem poder político. E esse é o grande perigo”, disse.
Ela lembrou que o assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, expôs a conexão entre grupos criminosos e agentes políticos. “O voto manipulado pelas facções elege pessoas que chegam ao Senado, à Câmara, às Assembleias e às Câmaras Municipais. Assim, o Brasil vai perdendo o controle de quem realmente deveria representar o povo”, completou
Dinheiro como combustível do poder paralelo
Na avaliação de Rosa Neide, a chave para conter o avanço das facções está no combate financeiro. “Quando você corta o dinheiro, você corta o poder”, afirmou. Ela citou ações recentes do Ministério da Justiça em conjunto com a Receita Federal e o Banco Central para rastrear movimentações suspeitas, inclusive envolvendo fintechs.
“Essas organizações sobrevivem do domínio econômico. Se o Brasil conseguir controlar o dinheiro das facções, elas perdem força para controlar o voto”, disse.
Democracia sob ameaça
O alerta ecoa em um momento de preocupação com a segurança das eleições de 2026. Para Rosa Neide, é essencial que o governo federal, estados e municípios atuem de forma coordenada para impedir que o crime organizado ganhe espaço nas urnas.
“O Brasil precisa garantir que a escolha do povo não seja sequestrada pelo poder paralelo. Caso contrário, corremos o risco de ver facções dominarem cada vez mais a política”, concluiu.
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