A conta de água em Várzea Grande foi um dos assuntos mais espinhosos da entrevista concedida pela prefeita Flávia Moreti (PL) ao podcast Política de Primeira, do portal Primeira Página. Questionada sobre as falhas no abastecimento e a polêmica em torno do Departamento de Água e Esgoto (DAE), a gestora reconheceu que o modelo atual é problemático e prometeu mudanças. Segundo ela, a cidade vive hoje com uma “tarifa fictícia”, que não corresponde à realidade e penaliza justamente quem paga em dia.
“Hoje, só 40% do município está cadastrado. Isso significa que quem paga, paga também pelo vizinho que não está no sistema. A tarifa de água vai ser real, não fictícia. Se tem água, paga pela água. Se tem esgoto, paga pelo esgoto. O que não pode é um pagar pelo outro”, disse a prefeita, durante a entrevista.
Flávia explicou que a distorção foi confirmada em um diagnóstico entregue pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que avaliou o saneamento em Várzea Grande. O levantamento mostrou não apenas a baixa taxa de cadastro, mas também ligações irregulares, redes improvisadas e ausência de medição adequada do consumo. O resultado é um sistema desequilibrado, que não cobre os custos operacionais e ainda acumula dívidas.
Veja trecho no vídeo abaixo:
Parte desse passivo, segundo a prefeita, vem de dentro do próprio DAE. Ela lembrou que o órgão carrega precatórios milionários e dívidas antigas de energia e insumos. “Só neste ano já quitamos mais de R$ 30 milhões em precatórios do DAE. Além de reorganizar o serviço, temos que lidar com contas antigas deixadas por outras administrações”, destacou.
A prefeita afirmou que a reestruturação tarifária não será feita de forma isolada. O município aguarda recomendações da Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados de Mato Grosso (AGER-MT), que deve apresentar novos parâmetros de cobrança com base no estudo da Fipe. “Não é simplesmente aumentar a conta. É fazer uma cobrança justa. Hoje temos uma tarifa falsa, que esconde o problema. O que queremos é corrigir e dar transparência”, reforçou.
O tema foi abordado no podcast justamente porque o abastecimento de água é considerado um dos maiores gargalos da cidade. Várzea Grande enfrenta reclamações recorrentes de falta de água em bairros populosos, de ligações precárias e de infraestrutura defasada no DAE. Ao responder, Flávia disse que o município avalia a possibilidade de uma concessão parcial do saneamento à iniciativa privada, como forma de garantir investimentos e melhorar a eficiência do sistema.
“É um processo difícil, porque ninguém gosta de falar em tarifa. Mas é preciso encarar a realidade. Ou a gente corrige agora, ou vamos continuar empurrando uma conta injusta para quem paga em dia e sem capacidade de investimento para o futuro”, afirmou.
A fala da prefeita expõe a dimensão do desafio: equilibrar as finanças do DAE, corrigir distorções históricas e, ao mesmo tempo, ampliar a cobertura de água e esgoto em uma cidade que cresce rápido e já ultrapassa 300 mil habitantes. Para Flávia, não se trata apenas de uma decisão técnica, mas de resgatar a confiança da população em um serviço essencial.
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