4 lições de comunicação a partir dos discursos de Lula e Trump na ONU

A Assembleia Geral da ONU, em sua 80ª edição, reuniu nesta semana líderes de 193 países em Nova York. É o maior palco diplomático do mundo e, por tradição, cabe ao Brasil abrir os pronunciamentos. Neste ano, os holofotes estavam voltados para dois discursos em especial: os dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump.

A expectativa era grande. O clima era de tensão após o governo americano anunciar tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros e esse seria o primeiro encontro entre Lula e Trump desde o início da crise.

O presidente brasileiro apostou em uma fala firme defendendo a soberania nacional e respondendo de maneira indireta às justificativas de Trump para as tarifas, ligadas a decisões do judiciário brasileiro contra Jair Bolsonaro, aliado de Trump.

Já o presidente americano manteve seu estilo: atacou o globalismo, a migração, minimizou mudanças climáticas e reforçou suas bandeiras tradicionais.

O inesperado veio quando Trump fez um aceno a Lula: disse ter tido uma “química excelente” com ele nos segundos em que se encontraram pessoalmente e afirmou que só faz negócios com pessoas de quem gosta. Uma fala descontraída, mas que foi vista como estratégica, gerando ainda mais expectativa para a possível reunião entre os dois líderes na próxima semana.

Em ocasiões como uma reunião na ONU, nada é improvisado. Os discursos são escritos a várias mãos, ensaiados e lapidados para transmitir mensagens calculadas. E aqui está a parte que mais nos interessa: como transformar esse episódio em aprendizado de comunicação.

Confira 4 lições práticas de comunicação que podemos tirar dos discursos de Lula e Trump:

1) Use frases curtas e diretas

Um bom discurso precisa ser lembrado, e frases longas raramente ficam na memória. Lula foi direto ao ponto ao dizer: “Nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis.”
A simplicidade, quando bem trabalhada, transmite força e credibilidade. Se você deseja convencer, prefira frases enxutas e sem rodeios.

2) Aposte em frases de efeito

Grandes comunicadores sabem que uma boa frase pode virar manchete. Foi o caso de Trump ao dizer: “Seus países estão indo para o inferno.” Provocativo? Sim. Mas pensado para repercutir.

Da mesma forma, a fala de Lula resumiu sua posição e virou destaque. Ao preparar sua comunicação, pense: qual é a frase que desejo que seja lembrada depois que eu falar?

3) Tenha um plano B: tecnologia falha

No início do discurso de Trump, o teleprompter (equipamento que mostra o texto em telas à frente) apresentou problemas. O presidente brincou com a situação e seguiu falando até o equipamento voltar. Essa cena reforça um ponto essencial: nunca dependa apenas da tecnologia.

Seja em um discurso, palestra ou reunião, domine o conteúdo. Slides e teleprompter ajudam, mas não substituem preparo. A segurança vem do conhecimento do tema e da prática.

4) Leia com autoridade e presença

Nem Lula nem Trump improvisaram na fala. Ambos leram seus discursos. Mas o que faz diferença é como se lê. Não basta repetir palavras olhando para o papel ou para o teleprompter. É preciso transmitir emoção com a voz, variar o ritmo, usar pausas estratégicas, olhar para a plateia. O corpo fala junto com as palavras. Treinar a leitura em voz alta, com foco na entonação e na linguagem corporal, é indispensável para conquistar credibilidade.

Comunicação precisa de estratégia

Mais do que palavras, os discursos mostraram estratégia. Lula buscou afirmar sua autoridade internacional, enquanto Trump reafirmou o discurso de superioridade e força. Eis mais uma lição: comunicar não é apenas falar, é pensar no impacto desejado.

A Assembleia da ONU é palco mundial, mas os princípios que vimos lá servem para qualquer contexto: uma entrevista de emprego, uma apresentação no trabalho ou até um post nas redes sociais.

Seja direto, use frases que marquem, leia com autoridade e prepare-se para o imprevisto. Comunicação é técnica, mas também é treino. E quem domina esses elementos ganha voz e destaque em qualquer ambiente.