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Mercado calibra apostas para Selic com ata do Copom e IPCA

Mercado calibra apostas para Selic com ata do Copom e IPCA

O mercado financeiro tenta manter o entusiasmo, em meio aos novos sinais de que o fim da paralisação recorde do governo dos Estados Unidos está próximo. Ao mesmo tempo, os investidores calibram as expectativas em relação ao corte nos juros pelo Federal Reserve em dezembro. Mas é a agenda do dia no Brasil que deve movimentar os ativos locais.

A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada sai logo cedo, às 8h. O documento pode desfazer o consenso após o anúncio da decisão, de que uma postura dura (“hawkish”) prevaleceu no colegiado ao manter a taxa Selic em 15%, e abrir espaço para uma interpretação da mensagem deixada nas entrelinhas do comunicado.

Isso significa que o mercado espera encontrar sinais mais fortes de que o primeiro corte do juro básico pode ocorrer em breve. Ou seja, em janeiro, ao invés de em março ou depois. Para tanto, a comunicação do Banco Central precisa ser mais clara, pois a mudança sutil no comunicado – principalmente em relação à inflação – não foi percebida.

Caso o BC consiga falar a língua que o mercado entende, o IPCA de outubro deve exponenciar o alcance da mensagem. A previsão é de intensa desaceleração mensal do índice oficial de preços ao consumidor, com a taxa acumulada em 12 meses devendo vir abaixo de 5%. Os números efetivos saem pouco depois da ata, às 9h.

Mercado atento ao exterior

Combinadas, ambas as divulgações tendem a ditar o rumo dos negócios locais hoje. Ontem, o Ibovespa cravou o 11º recorde nominal consecutivo, alcançando a marca inédita dos 155 mil pontos. A ampliação da maior série de máximas em 31 anos da bolsa brasileira ocorreu em meio à retirada de prêmios dos juros futuros e à queda do dólar.

A moeda norte-americana fechou colada à faixa de R$ 5,30, no menor patamar desde setembro. Apesar da chance de início do ciclo de cortes na Selic logo no começo de 2026, o carry trade favorece o ingresso de capital externo no Brasil. Portanto, seja pela renda fixa ou variável, os estrangeiros têm alocado recursos por causa do tal diferencial de juros.

Aliás, essa diferença entre as taxas praticadas aqui e lá fora pode ficar maior. Os mercados internacionais ainda ecoam o discurso do dirigente do Fed – e indicado por Donald Trump – Stephen Miran, que defendeu uma redução de meio ponto percentual nos juros dos EUA, em meio às implicações do excesso global de stablecoins na política monetária.

O discurso realça a ascensão das moedas digitais privadas que mantêm a paridade com divisas soberanas, tal qual o Real Digital. Ao destacar que as stablecoins em dólar estão aumentando a demanda por ativos dos EUA, Miran indica que o futuro está nessa tecnologia. (Essa visão também explica que o DreX brasileiro não morreu – apenas mudou de forma.)

Ainda no exterior, chama atenção a aprovação ontem no Senado dos EUA, com 60 votos a favor e 40 contra, do projeto de lei que encerra o shutdown mais longo da história dos EUA. A Câmara dos Representantes deve apreciar a matéria até amanhã. Se aprovada, segue para assinatura de Trump.

Assim, a terça-feira (11) começa dividida entre a leitura da ata e o último suspiro do shutdown. Se de um lado o BC tenta falar a língua do mercado, de outro os EUA ainda procuram retomar a própria voz. Entre um silêncio e outro, quem dita o tom é a inflação – e o valor da moeda refletido no preço de se transacionar o dinheiro como mercadoria.

Passeio pelo mercado

Em meio à espera pelo fim do shutdown, os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram em baixa, com o feriado nos EUA esvaziando a liquidez do dia. Na Europa, o sinal positivo predomina; na Ásia, a sessão foi mista.

Entre as moedas, o dólar avança frente às rivais, mas o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) segue abaixo dos 100 pontos.

Nas commodities, o petróleo recua e o minério de ferro negociado em Dalian (China) fechou em leve alta. O ouro sobe.

Entre as criptomoedas, o Bitcoin cai.