Se o setor de energia brasileiro tem se destacado globalmente pela geração limpa, há tecnologia nos bastidores que garante eficiência e disponibilidade. Uma das empresas responsáveis por soluções que agregam valor a esse segmento é a NTT Data, gigante japonesa de consultoria em tecnologia e negócios que tem ampliado sua participação junto a clientes de energia no Brasil — o que tem impulsionado seu crescimento em dois dígitos anuais, acima da média do mercado de TI em que atua, que registra avanço entre 6% e 7% por período.
“Quando olhamos as projeções para o próximo ano, no Brasil, elas são muito animadoras em termos de crescimento. E, sem dúvida nenhuma, a Inteligência Artificial vai fazer a diferença, principalmente em termos de margem e construção de ativos”, disse Raphael Bueno, sócio-líder de Utilities da NTT Data no Brasil.
A aplicação de IA na área de energia é uma das apostas de evolução dos negócios no País e tem colaborado para o bom desempenho da receita da companhia. Globalmente, a consultoria japonesa registrou faturamento de US$ 30,1 bilhões no ano fiscal de 2025, encerrado em 3 de março. A performance foi 6,2% superior à receita de US$ 28,3 bilhões de 2024, que já havia sido 25% maior do que a do período anterior.
Uma das estratégias de atuação no Brasil é a personalização das soluções para os cerca de 50 clientes do segmento. “Todos eles já têm uma demanda, uma agenda, uma proposta em que se aplica IA. Nosso foco é apresentar inovação e crescer nessa base”, afirmou Bueno, formado em diplomacia, mas especializado em tecnologia e utilities.
Com sua expertise, ele cuida tanto das ferramentas inovadoras quanto das pessoas que as criam e utilizam. “É preciso entender o que motiva cada um, a melhor skill que cada colaborador possui, e usar isso em prol do resultado e da entrega.”
Monitoramento de barragens da CPFL
Assim, o executivo cuida dos profissionais de seu time e das empresas que atende. Uma delas é a CPFL Renováveis, uma das maiores geradoras de energia elétrica a partir de fontes renováveis no Brasil.
Com a empresa, a NTT Data desenvolveu o projeto Hydro 4.0, que agrega tecnologias emergentes no monitoramento das 55 barragens de suas usinas. A CPFL é a primeira empresa brasileira do setor elétrico a usar esse tipo de tecnologia, o que aumenta ainda mais a segurança das estruturas.
O desenvolvimento da solução inédita e personalizada começou com a criação de um Data Lake (repositório para armazenar, processar e proteger diferentes tipos de dados), para estabelecer uma governança de informações. A partir disso, foi construída uma Plataforma Integrada de Gestão e Análise de Segurança de Barragens.
Com apoio de tecnologias de processamento como big data, machine learning e analytics, a plataforma armazena e avalia em tempo real, de forma centralizada, dados sobre as barragens. O Hydro 4.0 tem a capacidade de atualizar informações a cada 15 minutos.
Por meio da plataforma, foi possível simplificar e facilitar a compreensão rápida de dados complexos, permitindo maior agilidade na tomada de decisão, análise de tendências, padrões e geração de insights de gestão.
“O projeto integrou hidrelétricas pequenas e grandes, outras que estão em regiões um pouco menos acessíveis, algumas antigas, outras mais novas — enfim, uma pluralidade muito grande. E todas elas têm riscos atrelados. Criamos uma central em Campinas (SP), na sede da CPFL, para monitorar tudo a partir de uma torre de gestão”, disse Bueno.
Além do modelo de gestão tradicional, há aplicação de IA para simular comportamentos e sazonalidades que podem ocorrer. “Criamos cenários de possíveis riscos e deficiências de ativos entre essas hidrelétricas. Estamos à frente, de maneira preditiva”, afirmou o sócio-líder da NTT Data.
A companhia japonesa também atende a Enel, com gestão de projetos, ativos, obras, acionamentos para terceiros, processos intermediários e operação direta em diversos Estados do Brasil.
“Conseguimos gerar previsibilidade de acionamentos, associar problemas à gestão do clima. Então, temos embarcado IA em programas que já executamos bem, para evoluir agendas nas quais já estamos inseridos”, frisou Bueno. “A IA sai do conceito e vira produto, vira processo.”
Os avanços que já estão na geração e distribuição de energia também devem evoluir na transmissão. A NTT Data está trazendo para o Brasil uma solução desenvolvida na Espanha para o monitoramento de linhas de transmissão, com uso de IA generativa.
“Com ela, conseguimos criar estratégias de construção e manutenção de linhas de transmissão de maneira mais efetiva, barata e rápida”, salientou Bueno sobre mais uma solução para o setor de energia que também gera receita para a NTT Data.