• Home
  • Economia
  • Empresas médias superam incertezas do mercado e se tornam o novo motor do M&A

Empresas médias superam incertezas do mercado e se tornam o novo motor do M&A

O mercado brasileiro de fusões e aquisições vive um momento de consolidação e amadurecimento. A retomada do apetite por investimentos e a maior sofisticação das empresas nacionais impulsionam um ciclo virtuoso de transações, especialmente entre companhias de médio porte. O “M&A Deals Report 2025 H1”, da Questum, mostra que o número de operações cresceu 71,1% no primeiro semestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior, um avanço expressivo que reflete a força e a resiliência do ambiente corporativo brasileiro.

Boa parte desse movimento é protagonizada pelo chamado middle market, segmento que concentra empresas de médio porte, com estrutura consolidada, gestão profissional e alto potencial de expansão. No Brasil, o BNDES considera de médio porte as companhias com faturamento entre R$ 4,8 milhões e R$ 300 milhões, embora não exista uma padronização única. Outras classificações, como a do IBGE, utilizam número de funcionários como referência: de 100 a 499 empregados na indústria e de 50 a 99 nos setores de comércio e serviços.

Essas empresas ocupam uma posição estratégica no ecossistema econômico. São grandes o suficiente para sustentar operações estruturadas e pequenas o bastante para se adaptar rapidamente às transformações do mercado. Em um ambiente marcado por incertezas políticas e econômicas, é justamente essa capacidade de adaptação que garante vitalidade ao middle market. Segundo a PitchBook Global, as operações desse segmento já representam cerca de 70% de todo o volume mundial de M&A, um indicador que reforça sua importância estrutural não apenas no Brasil, mas na economia global.

O avanço é visível também no contexto doméstico. Um estudo conjunto da iDeals e Deloitte mostra que o número de transações de médio porte no país saltou de 807 para 1.834 entre 2013 e 2021, com o valor total quadruplicando para R$ 439,6 bilhões. Isso reflete o amadurecimento das práticas de governança, a busca por escala e eficiência e a crescente profissionalização das lideranças. O middle market deixou de ser um ator coadjuvante para se tornar um dos principais motores do mercado de capitais e do investimento privado.

Mesmo diante do calendário eleitoral de 2026, é provável que o ritmo de transações permaneça firme. Ciclos políticos tendem a gerar cautela entre investidores, mas dificilmente interrompem completamente o fluxo de negócios. A experiência mostra que o empresariado brasileiro mantém uma resiliência notável: ajusta o passo, mas não para de andar. As grandes operações, mais expostas a decisões de governo e variações regulatórias, podem ser postergadas, mas o middle market tende a continuar se movimentando, sustentado por estratégias de consolidação e expansão.

Setores como tecnologia, energia e real estate lideram esse processo. O crescimento das empresas de software, o fortalecimento de negócios ligados à transição energética e a revalorização de ativos imobiliários impulsionam oportunidades de fusões e aquisições com forte componente estratégico. A combinação de juros elevados, busca por produtividade e necessidade de inovação cria um terreno fértil para transações que priorizam sinergia, eficiência e escala.

O Brasil segue um padrão que já se observa em economias mais maduras: o protagonismo das empresas médias na transformação estrutural dos mercados. Elas representam a ponte entre o dinamismo das startups e a solidez das grandes corporações. Em um país onde o empreendedorismo é uma das forças mais resilientes, o middle market é o elo que garante continuidade, geração de empregos e atração de capital de longo prazo.

A maturidade do mercado de M&A brasileiro não se mede apenas pelo volume de transações, mas pela qualidade das decisões que as sustentam. O cenário atual mostra que o país evolui para um estágio de consolidação e profissionalização que o aproxima das grandes economias, e o middle market é, sem dúvida, o protagonista dessa história.

*João Crepaldi é sócio de M&A e Private Equity do Silveiro Advogados em São Paulo

Clique aqui para acessar a Fonte da Notícia

VEJA MAIS

Time do interior de Minas anuncia contratação de atacante ex-Palmeiras e Galo

O Pouso Alegre Futebol Clube anunciou a primeira contratação para o ataque da equipe que…

BC tira doce e mercado sente frustração após rali

A mais longa série de recordes de pontuação do Ibovespa chegou ao fim ontem. Foram…

Barra do Garças tem quinta-feira nublada e chance de chuva de 50%

Barra do Garças tem quinta-feira nublada e chance de chuva de 50% – CenárioMT …