A diversidade ainda não chegou aos concursos públicos de Mato Grosso. Segundo o levantamento mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 15 prefeituras do estado reservaram vagas para pessoas negras e quatro para indígenas em seleções realizadas nos últimos 24 meses, entre 2022 e 2024. Nenhum município registrou cotas para quilombolas ou ciganos, grupos que permanecem invisíveis nas políticas de inclusão do funcionalismo público.
Os dados fazem parte das Pesquisas de Informações Básicas Municipais (Munic) e Estaduais (Estadic) 2024. O levantamento traça o retrato da administração pública nos estados e municípios, mostrando que, apesar dos avanços tecnológicos e da profissionalização de parte da gestão, a igualdade racial e o acesso equitativo ao serviço público ainda estão distantes da prática.
Inclusão que existe só no papel
Embora Mato Grosso possua uma Lei Estadual de Acesso à Informação desde 2021 e um Conselho Estadual de Transparência criado em 2015, a pesquisa mostra que a inclusão social não evoluiu no mesmo ritmo. A ausência de cotas raciais e étnicas reflete a falta de planejamento das prefeituras para implementar políticas afirmativas de forma estruturada.
De acordo com o IBGE, a adoção de critérios de diversidade em concursos públicos é considerada um dos indicadores de implementação da política de igualdade racial nos municípios. O fato de apenas 15 prefeituras adotarem cotas raciais indica que essa agenda ainda é pontual e sem caráter permanente no estado.
Estado digital, mas pouco diverso
A contradição é evidente: enquanto Mato Grosso investe em centros de dados, aplicativos próprios e presença ativa nas redes sociais, o mesmo esforço não se reflete na composição dos quadros públicos. Em termos de gestão, o estado aparece entre os mais estruturados digitalmente da região Centro-Oeste, mas sem programas consistentes de inclusão digital ou inclusão social.
Além disso, a pesquisa indica que menos de 1% dos municípios do estado possuem alguma instância de promoção da igualdade racial vinculada à administração pública. A ausência desses órgãos dificulta a criação de editais inclusivos e perpetua a baixa representatividade de grupos minoritários.
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