O governo dos Estados Unidos decidiu retirar diversas mercadorias agrícolas da lista de produtos que vinham sendo taxados desde abril. A mudança foi formalizada nesta sexta-feira (14), por meio de um decreto assinado pelo presidente Donald Trump, e passa a valer de forma retroativa a partir da noite de quinta-feira (13).
A revisão atinge itens como café, chá, frutas tropicais, sucos, cacau, especiarias, bananas, laranjas, tomates, carne bovina e alguns fertilizantes. Parte desses produtos nunca chegou a pagar a tarifa extra, mas agora ficam oficialmente fora do alcance das cobranças recíprocas.
A decisão ocorre em meio à pressão interna por causa dos preços dos alimentos, que seguem elevados nos EUA. O movimento também representa uma mudança de postura do próprio Trump, que vinha resistindo à ideia de que suas tarifas contribuíam para a inflação.
O recuo acontece logo após os democratas conquistarem vitórias em eleições estaduais em regiões onde o custo de vida foi tema central do debate.
O decreto altera parâmetros da ofensiva comercial anunciada por Washington em 2 de abril de 2025, quando a Casa Branca aplicou tarifas generalizadas: 10% sobre produtos brasileiros, 20% sobre itens da União Europeia, 34% sobre mercadorias chinesas e 46% sobre importações do Vietnã. O governo norte-americano ainda não informou qual será o novo nível de tributação.

Setores brasileiros acompanham análise
No Brasil, a medida despertou atenção de exportadores. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços informou que examina o texto para compreender o alcance das mudanças sobre as vendas externas do país.
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), que representa os exportadores de café, busca esclarecer se a isenção vale apenas para a tarifa básica de 10%, para o adicional de 40% ou para ambas. A entidade mantém conversas com organizações do setor nos EUA para avaliar o impacto real.
A Abiec, que reúne as indústrias exportadoras de carne bovina, classificou a revisão como positiva. Segundo a entidade, o gesto do governo norte-americano reforça a confiança no diálogo técnico entre os dois países e reconhece a posição do Brasil como fornecedor relevante no mercado global de proteínas.
Com o decreto, o agronegócio brasileiro aguarda novos detalhes de Washington para medir o potencial benefício nas exportações ao longo dos próximos meses.
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