O mercado financeiro começa a semana em compasso de espera pelo que vem por aí. O radar dos investidores concentra-se nos Estados Unidos. A agenda econômica norte-americana traz o balanço da Nvidia e a ata do Federal Reserve, ambos na quarta-feira (19). No dia seguinte, sai o payroll de setembro, quando os mercados estarão fechados no Brasil por causa do feriado da Consciência Negra.
De um lado, o balanço da gigante de tecnologia pode lançar luz sobre os múltiplos exorbitantes da relação preço por lucro (P/L) das empresas ligadas à Inteligência Artificial, em meio aos questionamentos sobre a capacidade do hype em torno da IA se converter em retornos tangíveis aos acionistas. Michael Burry, famoso pelo filme “A Grande Aposta”, voltou à cena ao fechar seu fundo de hedge, poucos depois de criticar as techs queridinhas.
Portanto, os números da Nvidia podem responder se há (ou não) uma bolha das techs. Por outro lado, o fim da maior paralisação da história do governo dos EUA retoma a divulgação de indicadores econômicos, com o relatório oficial sobre o emprego de dois meses atrás abrindo a fila. A previsão é de geração de 50 mil vagas, com a taxa de desemprego permanecendo em 4,30%.
Mercado atento aos juros
No mesmo dia, o Fed divulga a ata da reunião de outubro, quando a taxa de juros nos EUA caiu para o intervalo atual, entre 3,75% e 4%, em placar divergente. O documento deve expor a preocupação dos dirigentes com o apagão de dados desde o início do mês passado, quando começou o shutdown, e o impacto de tomar uma decisão no mês que vem “no escuro”.
Diante disso, a aposta majoritária no mercado passou a ser de manutenção dos juros em dezembro. Porém, antes do anúncio do Fed, também serão conhecidos outros indicadores importantes, como o índice de inflação PCE e a segunda leitura do PIB dos EUA no trimestre passado. Combinadas, essas divulgações tendem a calibrar as expectativas em torno do Fed.
Aqui, o Banco Central segue em foco. Os ativos locais seguem operando sob o efeito de corte na taxa Selic em breve, ainda que o presidente Gabriel Galípolo negue essa possibilidade. Seja como for, a fuga do risco das big techs trouxeram os gringos de volta à bolsa brasileira, atraídos pelo dólar mais barato, depois de um outubro devagar para a entrada de recursos estrangeiros.
Assim, o carry trade e a sinalização de juros básicos mais baixos acionam o gatilho de um possível rali de fim de ano no mercado doméstico, na contramão de Wall Street, que testa seus limites entre bolha, falta de dados e incerteza monetária.
Passeio pelo mercado
Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram em alta, com os investidores à espera do balanço da Nvidia, após o Nasdaq encerrar a semana passada no vermelho. Dow Jones e S&P 500 conseguiram registrar ganhos semanais modestos.
Na Europa, as bolsas estão no vermelho, após uma sessão negativa na Ásia. Entre as moedas, o dólar mede forças em relação às rivais e tem alta moderada.
Nas commodities, o petróleo cai, mas o minério de ferro negociado em Dalian (China) fechou em alta firme, de 1,8%, superando a faixa de US$ 110 a tonelada métrica.
Já o ouro recua, mas segue firme acima dos US$ 4 mil, enquanto entre as criptomoedas, o Bitcoin se recupera depois de cair próximo ao nível de US$ 93 mil, praticamente devolvendo todos os ganhos do ano.
Agenda do dia
Indicadores
- 8h25 – Relatório Focus (semanal)
- 9h – Brasil: IBC-Br (setembro)
- 10h30 – EUA: Índice de atividade industrial Empire State (novembro)
- 12h – EUA: Gastos com construção (agosto)
- 15h – Brasil: Balança comercial (semanal)
