• Home
  • Política
  • Auditoria mostra queda anormal em débito de empresa e prescrição de R$ 1,38 bilhão em MT

Auditoria mostra queda anormal em débito de empresa e prescrição de R$ 1,38 bilhão em MT

O Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) identificou um rombo expressivo na gestão da dívida ativa estadual: mais de 3,4 milhões de inscrições foram baixadas por prescrição entre 2019 e 2024, o que resultou na perda definitiva de R$ 1,38 bilhão aos cofres públicos. Além disso, a auditoria constatou fortes divergências nos valores e na composição da lista dos maiores devedores, incluindo reduções bilionárias não explicadas em empresas que aparecem no topo do ranking.

As constatações foram apresentadas na sessão de terça-feira (18), durante o julgamento da auditoria especial que avaliou transparência, eficácia e regularidade da gestão da dívida ativa entre 2019 e 2024. A análise, conduzida pelo conselheiro Antonio Joaquim, levou o Tribunal a determinar uma série de ações obrigatórias ao Governo do Estado e à Procuradoria-Geral do Estado (PGE).

Auditoria revela rombo de R$ 1,38 bilhão e inconsistências no ranking dos maiores devedores de MT. – Fotos: Marcos Vergueiro.

Listas divergentes e valores bilionários sem explicação

A auditoria comparou duas listas apresentadas no processo, sendo uma elaborada pela unidade técnica da própria corte de contas com dados de maio de 2025, e outra enviada pela PGE em setembro do mesmo ano.

As diferenças foram marcantes, principalmente entre pessoas jurídicas.

A situação mais evidente envolve a Martelli Transportes Ltda., cujo débito caiu de R$ 1,6 bilhão para R$ 369 milhões, uma redução de R$ 1,3 bilhão entre uma lista e outra.

A atualização também alterou o topo do ranking. A Santa Cruz Industrial Coml. Agrícola e Pecuária Ltda., que não aparecia entre os maiores devedores na primeira relação, passou a liderar a lista com R$ 1,59 bilhão.

O Tribunal deu 30 dias para que a PGE apresente todos os processos referentes às Certidões de Dívida Ativa (CDAs) das empresas com variações significativas.

TCE-MT regulamenta fiscalização das emendas em conformidade com decisão do STF. - Foto: Reprodução
Dívida ativa perde R$ 1,38 bi por prescrição e lista de devedores apresenta variações de até R$ 1,3 bilhão. – Foto: Reprodução

Ranking dos maiores devedores inclui dívidas bilionárias

A lista de pessoas jurídicas atualizada (setembro/2025) traz:

  • Santa Cruz Industrial Coml. Agrícola e Pecuária Ltda. – R$ 1,59 bi
  • CR Almeida S/A Engenharia de Obras – R$ 782,9 mi
  • Sperafico da Amazônia S/A – R$ 366,9 mi
  • Martelli Transportes Ltda. – R$ 369 mi
  • Gilmar Gonçalves de Souza EPP – R$ 244,7 mi
  • ADM do Brasil Ltda. – R$ 214,1 mi
  • J.A.F. Ferreiradantas Eireli – R$ 209,3 mi
  • Telefônica Brasil S/A – R$ 199,4 mi
  • Distribuidora de Álcool Libra Ltda. (recuperação judicial) – R$ 151,1 mi
  • Grain Comércio de Cereais e Transportes Ltda. – R$ 302,9 mi

Entre pessoas físicas, aparecem devedores com valores que ultrapassam R$ 190 milhões.

Falta de transparência e ausência de sistema regulamentado

A auditoria, conduzida pelo conselheiro Antonio Joaquim, identificou dois problemas centrais:

  • o portal da dívida ativa não apresentava relatórios consolidados nem a lista pública dos maiores devedores, como manda a Lei Estadual 11.731/2022;
  • o Sistema de Gerenciamento da Dívida Ativa (SADA) não tem regulamentação formal, dificultando o rastreamento das CDAs e gerando inconsistência nos procedimentos.

A PGE havia argumentado que a lei de divulgação estava suspensa pelo Tribunal de Justiça. Entretanto, o cenário mudou após o Supremo Tribunal Federal (STF), em agosto de 2024, reconhecer por unanimidade a plena validade da norma, decisão relatada pelo ministro Gilmar Mendes.

Com isso, não há impedimento legal para publicar a lista de devedores, e a omissão passou a ser apontada como falha de transparência.

Estoque da dívida caiu pela metade, mas não por recuperação

O TCE também apontou que o estoque total da dívida ativa despencou de R$ 82,2 bilhões (2023) para R$ 39,2 bilhões (2024). A redução, porém, não significa aumento da arrecadação, mas sim a eliminação de créditos já prescritos ou que nunca poderiam ter sido cobrados. A higienização foi realizada pela PGE após recomendações anteriores do Tribunal.

A perda de R$ 1,38 bilhão em créditos prescritos foi atribuída à demora na formalização dos débitos, que acabavam vencendo antes da inscrição na dívida ativa.

Determinações e recomendações

O relator determinou que o Governo:

  • publique imediatamente a lista atualizada dos maiores devedores;
  • regulamente o SADA;
  • adote ferramentas de Business Intelligence para alcançar transparência de 100%;
  • publique glossário e regulamento completo sobre os status das CDAs;
  • mapeie todo o fluxo desde a constituição até a cobrança dos créditos;
  • avalie a securitização da dívida ativa, autorizada pela LC 208/2024, como forma de antecipar receitas.

O Plenário aprovou o voto por unanimidade.

  1. TCE-MT cria regras para rastrear execução de emendas estaduais e municipais

  2. Sérgio Ricardo toma posse para novo mandato à frente do Tribunal de Contas de MT

  3. TCE-MT manda Nova Ubiratã suspender retirada de servidores de Boa Esperança do Norte

Clique aqui para acessar a Fonte da Notícia

VEJA MAIS

Ossada achada em área de mata de Sinop será enviada ao IML em Cuiabá

Ossada achada em área de mata de Sinop será enviada ao IML em Cuiabá –…

Deputados aprovam indicação de Sérgio de Paula ao TCE-MS

Os deputados estaduais de Mato Grosso do Sul aprovaram, nesta quarta-feira (19), a indicação do…

Barcelona escolhe estrela espanhola como sucessor de Lewandowski; veja quem

Mikel Oyarzabal como candidato a sucessor de Robert Lewandowski no Barcelona O Barcelona já está…