Autor da emenda que, na Constituinte de 1988, reconheceu o Pantanal como patrimônio nacional, o ex-governador e atual deputado estadual Júlio Campos (União Brasil) afirma que a proteção do bioma ainda está distante do necessário, mesmo após a recente aprovação de um plano de manejo exclusivo para a região.
Em entrevista ao podcast Política de Primeira, do portal Primeira Página, Júlio lembrou que integrou, em Brasília, um grupo de parlamentares focado em meio ambiente, ao lado de nomes como Fábio Feldmann, Fernando Henrique Cardoso e Rosiana/Zequinha Sarney. Dali nasceu o capítulo da Constituição que trata da proteção ambiental e a classificação do Pantanal, da Mata Atlântica e da Amazônia como patrimônios nacionais e, depois, patrimônios da humanidade.
Anos mais tarde, já no Senado, ele apresentou um projeto de plano de gerenciamento do Pantanal, aprovado na Casa, mas que acabou travado na Câmara dos Deputados. Segundo ele, só em 2025, num esforço da bancada de Mato Grosso – com participação dos senadores Jaime Campos, Wellington Fagundes e Margareth Buzetti – o chamado “estatuto” ou plano de gerenciamento do Pantanal finalmente avançou.
Assista trecho abaixo:
Apesar do marco legal, o deputado avalia que o bioma continua frágil e subfinanciado. Ele lembra a facilidade de propagação de incêndios na época da seca, o acúmulo de capim e a falta de estrutura permanente de prevenção. Júlio também critica a ausência de linhas de crédito específicas para o produtor pantaneiro e defende que o fazendeiro tradicional foi, por décadas, um dos principais “protetores” da região. Ao comentar a expansão de áreas de conservação fechadas a atividades produtivas, cita o crescimento da população de onças e os ataques a bezerros como um problema que, na visão dele, precisa ser debatido com “seriedade e participação do homem pantaneiro”.
A pauta ambiental se soma a uma trajetória política de mais de 50 anos. Nascido em Várzea Grande, engenheiro agrônomo, Júlio começou a vida profissional como office boy de banco aos 14 anos e chegou ao comando do Estado aos 35. Foi prefeito de Várzea Grande, governador, deputado federal, senador, conselheiro do Tribunal de Contas e hoje cumpre mandato de deputado estadual, chegando aos 79 anos com o título de primeiro vice-presidente da Assembleia Legislativa. No podcast, ele afirma já ter apresentado mais de 1,3 mil proposições, entre projetos de lei, resoluções e indicações.
Mesmo às vésperas dos 80 anos, Júlio diz que ainda “tem gás” para disputar mais uma eleição, embora a família pressione pela aposentadoria. Ele revela o desejo de, no futuro, morar em Chapada dos Guimarães e encerrar a carreira como vereador do município, repetindo o gesto de políticos que terminaram a vida pública em cargos locais.
Ao mesmo tempo, conta que já estrutura sua “aposentadoria ativa”: quer se dedicar à Fundação Júlio Campos, criada com a pensão vitalícia de ex-governador, manter projetos sociais e culturais e atuar mais na Igreja Católica.
O deputado também revisita o passado com autocrítica. Ele lembra o episódio em que demitiu lideranças de greve na educação quando era governador, atitude que hoje classifica como impulsiva, fruto da juventude e episódios simbólicos da política mato-grossense, como a famosa “banana” devolvida a adversários em uma campanha dos anos 1980. Diz reconhecer excessos, mas afirma não guardar inimigos e se considerar “duro em alguns momentos, mas de coração mole”.
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