O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), abriu o jogo sobre alguns dos assuntos mais polêmicos da gestão dele durante entrevista ao podcast Política de Primeira. Ele falou sobre o suposto sumiço de R$ 12 milhões em emendas parlamentares, defendeu a privatização de escolas municipais, criticou o uso de pronomes neutros e expôs o que classifica como grave crise financeira herdada da administração anterior.
Abilio disse que três emendas, do senador Jayme Campos, do deputado Emanuelzinho e da ex-deputada federal Rosa Neide, não foram repassadas em 2023 e 2024 para contas específicas, mas transferidas para o caixa geral da prefeitura ainda na gestão passada. Sem comprovação do uso, a prefeitura estaria impedida de acessar novas emendas, correndo o risco de perder entre R$ 15 e R$ 20 milhões em recursos federais.
Assista abaixo a entrevista na íntegra:
“O dinheiro foi depositado na conta certa e depois transferido para outra, sem explicar onde foi parar. Não existe nota, não existe registro claro. A Justiça já determinou prazo de 60 dias para que a gente apresente as contas ou encaminhe para a CGU e para o Ministério Público”, afirmou.
O prefeito afirmou que o problema se soma a um passivo que chega, segundo ele, a R$ 2,3 bilhões em dívidas de longo prazo, como precatórios e empréstimos, e mais de R$ 1 bilhão em dívidas de curto prazo, incluindo R$ 500 milhões sem empenho, valores que não estavam previstos no orçamento de 2025.
Na área da educação, Abilio defendeu a adoção de parcerias público-privadas para gestão de escolas municipais, argumentando que cada aluno na rede custa R$ 1.600 por mês, valor que, segundo ele, é maior que a mensalidade cobrada por muitas escolas privadas.
“Hoje, 50% dos alunos que saem da rede municipal não sabem o básico de matemática e português. Tem gente que prefere ver prédio caindo aos pedaços a aceitar uma gestão compartilhada que melhore a estrutura e o ensino. Eu penso diferente. Se é para dar mais conforto e qualidade, a gente tem que buscar alternativas”, declarou.
Questionado sobre a posição contrária do sindicato acerca da proposta, o prefeito disse não considerar a opinião da categoria, pois são apenas “militantes”.
“Sindicato é militante, eu tô pouco me importando com o sindicato dos professores. É só militante”, declarou o prefeito. Abilio ainda garantiu judicializar possíveis greves e abrir PADs (Processos Administrativos) por quebra de desempenho.
Uso de pronome neutro
Sobre a polêmica envolvendo a professora e doutora Maria Inês da Silva Barbosa, durante a 15ª Conferência Municipal de Saúde, o prefeito manteve a posição contrária ao uso de pronomes neutros em eventos oficiais. “Eu não vou aceitar que um evento oficial da Prefeitura seja usado para fazer doutrinação ideológica. Isso aqui é espaço para falar de saúde, não de ideologia. E não importa se é homem, mulher, branco, negro, rico ou pobre. Eu diria a mesma coisa para qualquer um”, afirmou.
O prefeito também falou sobre contratos polêmicos, como o do estacionamento rotativo (CS Mobi), que inclui a construção do novo Mercado Municipal. Ele disse que a obra é financiada por empréstimo da empresa com garantia de repasses da Prefeitura e criticou o modelo. “É um contrato de 30 anos, que garante lucro para a empresa e deixa pouca ou nenhuma contrapartida para o município”, declarou.
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