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Aché prepara superciclo de lançamentos, Ozempic nacional e nova onda de expansão

O Aché Laboratórios entra em 2025 projetando um dos maiores ciclos de lançamentos de sua história, ancorado em inovação científica, eficiência industrial e reputação consolidada junto à classe médica. O carro-chefe dessa nova fase é a entrada na categoria dos medicamentos voltados ao tratamento de diabetes e obesidade, um dos segmentos de maior crescimento na indústria farmacêutica mundial. A farmacêutica brasileira está prestes a lançar seu próprio produto à base de semaglutida, molécula de referência nas duas condições e princípio ativo do Ozempic, da Novo Nordisk. O pedido de registro já foi submetido à Anvisa em 2023 e a expectativa é que a aprovação ocorra logo após o vencimento da patente, previsto para abril de 2026. Com isso, o Aché deverá estar entre os primeiros laboratórios a disponibilizar no Brasil um equivalente nacional à fórmula original, marcando um passo importante na trajetória de inovação da companhia.

Para o CEO José Vicente Marino, o movimento simboliza a consolidação de uma nova era para a farmacêutica. “Estamos entrando em uma fase de protagonismo em inovação. O Aché sempre foi reconhecido pela força da marca e pela confiança médica, mas agora estamos avançando em áreas de fronteira científica, com produtos que têm impacto real na vida das pessoas”, afirmou, em entrevista exclusiva ao BRAZIL ECONOMY.

O lançamento da semaglutida é considerado estratégico não apenas pelo potencial de mercado, mas também pelo simbolismo de uma farmacêutica brasileira competir em um segmento global de alta complexidade. O produto será integralmente produzido no País, reforçando o papel do parque industrial do Aché em Pernambuco, que passa a ocupar posição central na produção de novas moléculas. “É motivo de orgulho saber que uma tecnologia desse porte será desenvolvida e fabricada no Brasil, gerando conhecimento, empregos e autonomia produtiva. Esse é o tipo de salto que queremos dar como empresa e como país”, disse Marino.

O parque industrial do Aché em Pernambuco ocupa posição central na produção de novas moléculas

A ofensiva cardiometabólica não se limita à semaglutida. A empresa vem registrando forte desempenho com a dapagliflozina, fruto de uma parceria com a AstraZeneca, utilizada no tratamento do diabetes tipo 2 e na prevenção de complicações cardiovasculares e renais. Outro destaque é o Trezete, combinação fixa de rosuvastatina e ezetimiba usada no controle do colesterol, que já é exportada para 19 países por meio de acordos de licenciamento. “O Trezete é um exemplo de inovação incremental de alto impacto. Ele combina eficácia clínica, conveniência para o paciente e qualidade de produção nacional. É exatamente esse tipo de produto que queremos multiplicar no nosso portfólio”, explicou o executivo.

Esses lançamentos refletem a consolidação de um novo posicionamento estratégico. O Aché vem se transformando em uma companhia voltada a terapias de maior valor agregado, em que a confiança médica, a eficácia comprovada e a inovação são determinantes. O investimento em pesquisa e desenvolvimento tem crescido de forma consistente e, em 2024, representou 4,9% da receita líquida, percentual que deve chegar a 6,4% em 2025. Nos últimos cinco anos, 209 produtos desenvolvidos pela empresa já respondem por 20% do faturamento e somam cerca de um bilhão de reais em receitas. Com uma estrutura de 500 cientistas dedicados e o maior número de submissões na Anvisa entre as farmacêuticas nacionais, o Aché consolidou uma das áreas de P&D mais avançadas do setor. “A inovação é o coração do nosso crescimento. Estamos construindo uma base científica sólida e sustentável, que vai garantir novos produtos ano após ano”, destacou Marino.

Somente em 2024 foram concluídos 64 estudos clínicos em 39 centros de pesquisa, com 2.742 participantes, e outros 40 já estão em andamento em 2025. Parte dessa evolução decorre do Programa de Geração de Patentes, que incentiva as equipes a desenvolver produtos exclusivos e protegidos por propriedade intelectual. A companhia acredita que a modernização da Anvisa e a ampliação de seu quadro técnico devem reduzir o tempo de análise regulatória e acelerar a aprovação de novos medicamentos a partir de 2026, abrindo espaço para uma sequência contínua de lançamentos ao longo da próxima década.

O avanço da inovação vem acompanhado de uma estrutura industrial preparada para absorver a nova demanda. A planta do Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, é considerada a mais moderna do país e já recebeu cerca de um bilhão de reais em investimentos. Projetada segundo o conceito de indústria 4.0, a unidade está sendo ampliada para abrigar linhas estéreis e será certificada pela EMA e pela FDA, o que permitirá ao Aché produzir medicamentos também para mercados internacionais. A base fabril da empresa inclui ainda as unidades de Guarulhos, São Paulo e Anápolis, responsáveis por otimizações logísticas e operacionais. O índice de eficiência industrial subiu de 54,2% para 59,7% em 2024 e a gestão de estoques liberou 220 milhões de reais em capital de giro.

A base fabril da empresa inclui ainda as unidades de Guarulhos, São Paulo e Anápolis, responsáveis por otimizações logísticas e operacionais
A base fabril da empresa inclui ainda as unidades de Guarulhos, São Paulo e Anápolis

A reestruturação interna iniciada em 2023, batizada de Lider Aché, também vem sendo fundamental para sustentar o novo ciclo de crescimento. O modelo organizacional passou a ser dividido em seis unidades de negócio que permitem maior foco e especialização: prescrição, genéricos, medicamentos isentos de prescrição, hospitalar e institucional, além de dermocosméticos. O objetivo é dar autonomia e clareza de metas para cada segmento, otimizando o relacionamento com médicos e consumidores. “Esse novo desenho dá velocidade às decisões e coloca o cliente no centro. Cada unidade opera com metas próprias e isso nos deixa mais ágeis e próximos do mercado”, acrescentou o CEO.

Em 2024, a receita cresceu 9%, com aumento de 35% na rentabilidade e lucro líquido de R$ 776 milhões. A previsão para 2025 é de avanço entre 10% e 11% na receita, alcançando R$ 5,85 bilhões, e crescimento de até 30% no lucro líquido. A empresa reduziu custos e despesas em 200 milhões de reais, cerca de 8% do total, e ajustou o quadro em 300 posições, sem impactar o desempenho comercial. “Estamos crescendo de forma rentável e saudável, sem perder o foco na eficiência. Nosso compromisso é expandir com disciplina financeira e sustentabilidade”, afirmou o CEO.

A sustentabilidade, aliás, é um dos pilares do reposicionamento do Aché. A empresa tornou-se o primeiro laboratório nacional carbono zero nos escopos 1 e 2 após reduzir 62% das emissões desde 2022, quando o volume chegava a 13 mil toneladas. Atualmente, são 4,8 mil toneladas de CO₂ equivalente, totalmente neutralizadas com a compra de créditos. O movimento foi impulsionado pela adoção de energia solar em parceria com a Atiaia Renováveis, que fornece 100% da eletricidade usada nas quatro fábricas e escritórios. A companhia também passou a dar preferência a fornecedores com boas práticas ambientais, influenciando sua cadeia de valor e reduzindo emissões indiretas. “Sustentabilidade é parte do nosso propósito. Reduzir carbono é respeitar a vida, mas também é reduzir custos e aumentar eficiência. Fazemos o que é certo e colhemos resultados econômicos e ambientais”, disse Marino.

O Aché lidera há oito anos consecutivos o ranking da Ipsos como a farmacêutica de melhor reputação entre médicos no Brasil. Desde 2022, o relacionamento com profissionais da saúde passou a ser regido por contratos transparentes e declarados, eliminando práticas históricas de brindes e incentivos. “A reputação é um ativo inegociável. Ser ético e transparente é a base da confiança que conquistamos junto à classe médica e aos pacientes”, garantiu o executivo.

Com 99% das vendas concentradas no Brasil, o Aché mantém o mercado doméstico como prioridade. O crescimento internacional ocorre por meio de parcerias e acordos de licenciamento, em que farmacêuticas estrangeiras comercializam os produtos desenvolvidos pela companhia em seus países. “O Brasil ainda tem um enorme potencial. Se aumentarmos nossa participação de mercado de 5% para 10%, duplicamos o tamanho da empresa. É aqui que sabemos competir e onde nossa marca é mais forte”, afirmou Marino.

Mesmo assim, o crescimento inorgânico segue no radar. O Aché confirma o interesse em participar de oportunidades de aquisição relevantes, como o processo de venda da Medley, anunciado pela Sanofi, e avalia outras operações que possam complementar seu portfólio e acelerar sua escala. “Temos uma estrutura sólida, pessoas engajadas e uma cultura voltada para resultados. Isso nos permite pensar grande e olhar para aquisições de forma responsável e estratégica.”

Com uma combinação de pipeline robusto, estrutura industrial moderna, cultura de eficiência e compromisso com a sustentabilidade, o Aché aposta em 2025 como um ano de inflexão. “Estamos construindo uma empresa preparada para os próximos 50 anos. Nosso foco é inovação com propósito, crescimento sustentável e geração de valor para médicos, pacientes, colaboradores e para o Brasil”, afirmou Marino.

 

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