Em menos de uma semana, o vereador de Várzea Grande, Kleberton Feitoza (PSB), passou de denunciado por invasão a um consultório médico cidade a alvo da Polícia Federal, investigado por um esquema de compra de votos durante as eleições de 2024 – quando foi eleito com mais de 2,4 mil votações.
Mas, a trajetória relacionada à polícia é bem mais antiga: Feitoza foi preso, em 2021, por promover uma festa com aglomeração de pessoas e desacatar policiais durante a pandemia de covid-19.
Investigado por compra de votos
Além de Feitoza, o vereador Adilsinho (Republicanos) também é investigado pela PF por compra de votos. Ambos foram alvos de mandados de busca e apreensão, que também foram cumpridos na Câmara de Vereadores da cidade, na manhã desta terça-feira (11), durante a Operação Escambo Eleitoral.
A investigação começou em 6 de outubro de 2024, dia da eleição, quando dois homens foram presos em flagrante por suspeita de negociar votos.
De acordo com a Polícia Federal, os vereadores investigados teriam sido beneficiados pelo esquema, que envolvia pagamentos em dinheiro, fornecimento de água, óleo diesel e outros benefícios para eleitores em troca de votos.

Denunciado por invasão
Nessa segunda-feira (10), Feitoza (PBS) foi denunciado por uma médica que atua no Pronto Socorro da cidade, após ele ter invadido o consultório dela.
Segundo a médica, o vereador entrou no consultório sem autorização no dia 6 de março, durante o plantão dela, e gravou um vídeo.
A situação causou transtornos psicológicos à médica, que, depois do episódio, pediu demissão do trabalho. Ela contou ao Primeira Página que não tem conseguido dormir direito e nem exercer as atividades de costume.
“Conseguir o meu CRM custou muito caro para ser tratada dessa forma no momento de exercer a minha profissão”, disse a médica, que pediu para não ter o nome divulgado.
Segundo o relato da médica à polícia, por volta de 18h, quando descansava na sala de repouso, ela ouviu o vereador em uma sala próxima, aparentemente procurando por ela.
O parlamentar filmou sua própria ação e afirmou que a médica não estava cumprindo suas funções adequadamente porque não havia sido encontrada no consultório. Para evitar ter sua imagem exposta, a médica disse que se escondeu no banheiro.
As gravações feitas pelo vereador foram posteriormente publicadas em suas redes sociais; veja abaixo:
Conhecido por fiscalizar
Ocupando o cargo de vereador pela primeira vez neste ano, Feitoza é conhecido por seus diversos materiais publicados em redes sociais onde aparece fiscalizando ações do poder público, principalmente envolvendo supostas irregularidades na área da saúde e transporte público.
Nos vídeos em sua rede social, é possível ver o vereador debatendo temas como reposição de medicamentos em unidades de saúde, descarte correto de lixo e até mesmo corrupção, sob a alegação de que quer “melhorar a cidade”.
Preso na pandemia
Enquanto ainda ocupava o cargo de diretor administrativo da Câmara de Vereadores de Várzea Grande, Kleberton Feitoza Eustáquio foi preso na noite do dia 10 de abril de 2021, um sábado.
Segundo a polícia, ele teria promovido uma festa em sua casa, com aglomeração de pessoas e ainda teria desacatado guardas e policiais que tentavam encerrar o evento.
De acordo com a Guarda Municipal da cidade, uma denúncia de moradores dizia que havia uma festa no local que as pessoas não respeitavam o distanciamento social.
Na época, a Câmara disse à reportagem que não iria se pronunciar, por se tratar de um caso particular ocorrido fora do âmbito do legislativo.
Segundo as forças de segurança, a situação ocorreu no bairro Jardim Paula 1. Os guardas flagraram diversas pessoas consumindo bebidas alcoólicas e sem respeitar o distanciamento social, além de não usarem máscaras de proteção.
Com 21 mil notificações, Várzea Grande chegou a ocupar o 3º lugar no ranking de cidades com mais casos de covid-19 em Mato Grosso.
Outro lado
Sobre o envolvimento do vereador com o suposto esquema de compra de votos, a Câmara de Vereadores, disse, por meio de nota, que “se disponibilizou para auxiliar a Polícia Federal em todas as solicitações e confirma que não houve buscas na parte administrativa ou em outros gabinetes”.
Ainda em nota, reafirmou o comprometimento da Câmara com a “legalidade e o interesse público, colocando-nos à disposição da justiça para quaisquer esclarecimentos necessários”.
O Primeira Página tentou contado com o vereador Kleberton Feitoza, mas não obteve retorno até o momento.
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