Anaf e Abrafut se unem em defesa de árbitro e responsável por VAR de São Paulo x Palmeiras
As duas associações de árbitros do futebol brasileiro abriram guerra contra o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Tanto Anaf quanto Abrafut divulgaram notas de repúdio contra a <a suspensão de 40 dias imposta a Ramon Abatti Abel e Ilbert Estevam. Os dois cometeram erros polêmicos em São Paulo x Palmeiras, no início de outubro, pelo Brasileirão.
Ao mostrarem indignação, as duas associações chamaram a decisão de “desproporcional”, “equivocada” e “inadmissível”. A Anaf, inclusive, diz que avaliará a tomada de medidas cabíveis “para que decisões futuras observem com rigor os limites da legislação esportiva”.
Em 21 de outubro, elas também se uniram contra os frequentes ataques de clubes. Em nota conjunta, citaram a pressão sofrida por árbitros e disseram que pretendiam responsabilizar na Justiça dirigentes e jogadores por acusações sem provas.
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A defesa de Ramon Abatti Abel
A punição ao árbitro de campo e o responsável pelo VAR deveu-se a três lances. Um foi a não marcação de um pênalti de Allan sobre Tapia. Os outros dois foram por não expulsarem Andreas Pereira e Gustavo Gómez em lances claros. Os auditores entenderam que a arbitragem descumpriu regras do futebol.
Entretanto, as duas associações defendem que “divergência interpretativa em lance de jogo, por mais polêmica que seja, não se confunde com violação de regra”.
“Entendemos que eventuais ajustes de desempenho devam ser tratados, em primeiro plano, na esfera técnica da Comissão de Arbitragem da CBF. Com análise criteriosa, formação contínua e correção de rumos quando necessário. E não por meio de decisões disciplinares que respondem ao calor do resultado e à pressão externa”, diz a Anaf.
Não punição a dirigentes gera revolta
Outra crítica foi a falta de critério paras as punições. Afinal, enquanto Ramon Abatti Abel e Ilbert Estevam receberam suspensão, os diretores do São Paulo Rui Costa e Carlos Belmonte ganharam apenas advertência. Os dois proferiram ofensas à arbitragem, segundo relato da súmula.
“A disparidade no rigor das punições evidencia um tratamento injusto e desequilibrado, que expõe a arbitragem a constrangimento público e fragiliza sua autoridade em campo. Cria-se um ambiente hostil que ameaça a integridade e a segurança emocional dos profissionais”, reclamou a Abrafut.
O que defenda a Associação Nacional dos Árbitros de Futebol
“A Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (ANAF) manifesta sua discordância em relação à decisão do STJD que suspendeu por 40 dias o árbitro e o VAR da partida São Paulo x Palmeiras. A medida é, a nosso ver, equivocada e desproporcional.
O Código Brasileiro de Justiça Desportiva é claro. A responsabilização disciplinar da arbitragem exige conduta objetivamente enquadrada em infração prevista em lei, como deixar de observar as regras da modalidade ou descumprir obrigações próprias da função. Divergência interpretativa em lance de jogo, por mais polêmica que seja, não se confunde com violação de regra.
A própria Justiça Desportiva já reconheceu, em manifestações anteriores, que decisões técnicas devem ser preservadas, reservando sanções disciplinares para situações excepcionalíssimas, como erro de direito relevante, fraude, má fé ou corrupção. Punir árbitros apenas porque houve discordância posterior sobre lances de jogo fragiliza a segurança jurídica e abre um precedente perigoso para toda a categoria.
Entendemos que eventuais ajustes de desempenho devam ser tratados, em primeiro plano, na esfera técnica da Comissão de Arbitragem da CBF, com análise criteriosa, formação contínua e correção de rumos quando necessário, e não por meio de decisões disciplinares que respondem ao calor do resultado e à pressão externa.
A ANAF reafirma seu respeito às instituições da Justiça Desportiva, mas exige o mesmo respeito ao Código Brasileiro de Justiça Desportiva, à independência técnica da arbitragem e à dignidade dos profissionais que atuam em campo e na cabine. A entidade acompanhará de perto a defesa dos envolvidos e avaliará as medidas cabíveis para que decisões futuras observem com rigor os limites da legislação esportiva.
A arbitragem brasileira merece respeito.”
A nota da Associação de Árbitros de Futebol do Brasil
“A ABRAFUT manifesta profunda indignação diante da punição aplicada aos árbitros envolvidos na partida São Paulo x Palmeiras, suspensos por 40 dias por supostos erros técnicos, enquanto dirigentes que proferiram ofensas públicas e ataques diretos à honra dos profissionais receberam apenas advertências brandas.
É inadmissível que erros inerentes à dinâmica do jogo — passíveis de correção por meio de treinamentos, avaliações e aperfeiçoamento contínuo — resultem em punições desproporcionais, ao passo que comportamentos antidesportivos, atentatórios à ética e ao respeito institucional sejam tratados com leniência.
A disparidade no rigor das punições evidencia um tratamento injusto e desequilibrado, que expõe a arbitragem a constrangimento público e fragiliza sua autoridade em campo. Ao punir severamente árbitros por decisões interpretativas, enquanto releva ofensas proferidas por dirigentes, cria-se um ambiente hostil que ameaça a integridade do trabalho e a segurança emocional dos profissionais.
A categoria reafirma seu compromisso com o futebol brasileiro, com a ética e com o constante aprimoramento técnico. Contudo, repudia veementemente qualquer julgamento seletivo, qualquer punição desproporcional e qualquer tentativa de transformar a arbitragem em bode expiatório para pressões externas.
Por respeito ao esporte, à justiça e à transparência, exigimos que os critérios disciplinares sejam aplicados de forma equânime, imparcial e com o mesmo rigor para todos os envolvidos no espetáculo.
A arbitragem merece respeito… e, se o STJD não conhece, as regras do jogo de futebol, em particular a regra 5, também merecem respeito.”
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