O mercado doméstico ainda mostra resiliência à correção em Wall Street. Ontem, enquanto Dow Jones e S&P 500 ampliaram a série negativa pelo quarto dia seguido, o Ibovespa recuou pouco – o dólar também caiu. Porém, os investidores devem reduzir a disposição ao risco nesta véspera de feriado nacional, com a agenda forte nos Estados Unidos impondo cautela aos negócios locais.
O tão esperado balanço da Nvidia sai somente no after hours, adiando para amanhã a reação aos números da big tech. O foco está no guidance da empresa, que deve trazer a previsão dos investimentos em Inteligência Artificial. Também na quinta-feira, quando o mercado no Brasil estará fechado por causa do Dia da Consciência Negra, tem payroll.
Entre as divulgações importantes desta semana, os ativos locais só vão conseguir reagir à ata do Federal Reserve, que sai à tarde. O documento, referente à reunião de outubro, pode lançar luz sobre como o Fed pretende tomar novas decisões sobre os juros “no escuro”, em meio ao apagão de dados dos EUA por causa do shutdown.
A expectativa majoritária segue sendo de manutenção da taxa em dezembro. Mas o relatório oficial de emprego atrasado em dois meses pode reaquecer as apostas por um terceiro corte seguido – mesmo após o alerta do presidente do Fed, Jerome Powell, na coletiva do mês passado, de que um novo corte neste ano não estava garantido.
Tensão com caso Master
A esse cenário externo soma-se a tensão local com a liquidação extrajudicial do Banco Master. O efeito de contágio da instituição no setor financeiro não foi sentido. Muito menos há o receio de um risco sistêmico. Portanto, o impacto é pequeno. Ainda assim, as ações dos bancos caíram em bloco na bolsa brasileira ontem e tendem a continuar sob pressão no curto prazo.
A maior preocupação recai no montante que o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) irá desembolsar para cobrir depósitos e investimentos em papéis bancários de quase 2 milhões de brasileiros no Master. A previsão é de que a cobertura seja de cerca de R$ 40 bilhões, podendo chegar a um valor próximo a R$ 50 bilhões. Seja qual for, será a de maior porte desde a criação do FGC.
O mercado doméstico pode até acompanhar a tentativa de recuperação lá fora nesta manhã. Mas o movimento tende a perder força ao longo do dia, com investidores adotando posição defensiva na véspera de feriado. Com o pregão da sexta-feira espremido pelo fim de semana prolongado, a tração só deve voltar na próxima semana – a última do mês. Até lá, o mundo deve girar muitas vezes.
Passeio pelo mercado
Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram em ligeira alta, sinalizando uma tentativa de recuperação após a forte pressão vendedora. Na Europa, as bolsas ensaiam uma melhora, exibida desde o pregão na Ásia.
Entre as moedas, o dólar avança em relação às rivais, com o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) ganhando terreno.
Nas commodities, o petróleo cai, mas o minério de ferro negociado em Dalian (China) fechou em novamente em alta, seguindo acima da marca de US$ 110 a tonelada métrica.
Já o ouro avança. Entre as criptomoedas, o Bitcoin cai.
Agenda do dia
Indicadores
- 10h30 – EUA: Balança comercial (agosto)
- 12h30 – EUA: Estoques de petróleo (semanal)
- 14h30 – Brasil: Fluxo cambial (semanal)
- 16h – EUA: Ata da reunião do Fed (outubro)
Balanços
- EUA: Nvidia (após o fechamento)