Os mercados acionários da Ásia e da Europa caíram fortemente na manhã de ontem depois que os CEOs do Goldman Sachs e do Morgan Stanley afirmaram esperar uma grande correção nas bolsas globais. Eles foram acompanhados pelo presidente do UBS, que alertou para um risco sistêmico iminente no mercado de crédito privado. Ao mesmo tempo, dois membros do Federal Reserve (Fed) declararam estar indecisos sobre a possibilidade de realizar um novo corte de juros em dezembro.
Os investidores parecem ter levado as declarações a sério. O índice europeu STOXX Europe 600 caiu 1,41% nas primeiras horas de negociação. O FTSE 100 do Reino Unido recuou 1,11% antes do almoço, enquanto o Nikkei 225 do Japão perdeu 1,74%. A Coreia do Sul foi a mais atingida: o índice KOSPI caiu 2,37%.
Antes da abertura do mercado em Nova York, os futuros do S&P 500 estavam em queda de mais de 1%. A expectativa em Wall Street é de um forte impacto sobre as ações de tecnologia: os futuros do Nasdaq 100 recuavam 1,35%; a Palantir caía quase 7% nas negociações após o fechamento; a Tesla recuava 2,45% no pré-mercado; e a Meta tinha baixa de 1,22%.
O início do “banho de sangue” ocorreu no Global Financial Leaders’ Investment Summit, em Hong Kong. No palco, o CEO do Goldman Sachs, David Solomon, declarou: “É provável que vejamos uma queda de 10% a 20% nos mercados de ações em algum momento nos próximos 12 a 24 meses.”
No mesmo painel, o CEO do Morgan Stanley, Ted Pick, concordou: “Devemos também aceitar a possibilidade de quedas de 10% a 15% que não sejam provocadas por algum evento macroeconômico extremo”, afirmou.
A diretora de investimentos da Morgan Stanley Wealth Management, Lisa Shalett, enviou uma nota a clientes ontem sugerindo que este pode ser o momento de vender ações de tecnologia especulativas. “Com mais perguntas do que respostas, mantemos máxima diversificação. Considere realizar lucros em ações de alta volatilidade, de pequena ou micro capitalização, especulativas e não lucrativas, e redirecionar para ações de grande capitalização e qualidade, incluindo as ‘Mag 7’ e beneficiárias da inteligência artificial generativa nos setores financeiro, de saúde e de energia”, escreveu.
Em outro painel do mesmo evento, o presidente do UBS, Colm Kelleher, alertou: “Se olharmos para o setor de seguros, há um risco sistêmico iminente por causa da falta de regulação eficaz.” Companhias de seguros são grandes compradoras de crédito privado, empréstimos concedidos a empresas que pagam juros mais altos do que os títulos do governo, mas com risco igualmente maior. Kelleher afirmou que os emissores desses empréstimos estavam recorrendo às agências de classificação mais flexíveis disponíveis globalmente, o que mascararia o verdadeiro nível de risco e iliquidez desses ativos.
A revista Fortune relatou no fim de semana que os originadores de empréstimos vêm impondo termos legais cada vez mais rígidos nas operações de crédito privado, um sinal de que os credores percebem problemas no horizonte.
No dia anterior, dois membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), responsável pela definição da taxa de juros nos Estados Unidos, afirmaram estar indecisos sobre continuar reduzindo os juros em dezembro. A diretora do Fed, Lisa Cook, declarou ao Instituto Brookings, em Washington, D.C.: “Como sempre, determino minha posição de política monetária a cada reunião com base nos dados disponíveis, na evolução das minhas projeções e no balanço de riscos.” Ela acrescentou: “Toda reunião, inclusive a de dezembro, é uma reunião em aberto.”
O presidente do Federal Reserve de Chicago, Austan Goolsbee, disse ao Yahoo Finance: “Ainda não decidi em relação à reunião de dezembro”, e acrescentou que “meu critério para cortar os juros agora é um pouco mais rigoroso do que nas duas reuniões anteriores.”
O cenário de pessimismo econômico foi agravado pela continuação da paralisação do governo dos EUA, que impede a divulgação de dados oficiais. O relatório de comércio americano, que deveria ser publicado hoje, não será divulgado. Com isso, os investidores estão recorrendo a dados privados menos confiáveis. O índice ISM de manufatura referente a outubro apontou contração, marcando 48,7%, abaixo da expectativa de 49,3%.
Panorama dos mercados antes da abertura em Nova York:
- Futuros do S&P 500: -1,16% (último fechamento: +0,17%)
- STOXX Europe 600: -1,41%
- FTSE 100 (Reino Unido): -1,11%
- Nikkei 225 (Japão): -1,74%
- CSI 300 (China): -0,75%
- KOSPI (Coreia do Sul): -2,37%
- NIFTY 50 (Índia): -0,64%
- Bitcoin: US$ 103,6 mil