A ex-ministra das Mulheres Cida Gonçalves (PT) falou, durante o podcast Política de Primeira, sobre a atuação durante o caso Vanessa Ricarte, jornalista sul-mato-grossense que foi morta pelo companheiro e levantou diversos debates nacionais sobre as leis e protocolos de proteção às mulheres.
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“Eu acho que existe algumas coisas que estão erradas quando você pensa emenfrentar a violência contra as mulheres. A primeira, é que você parte do pressuposto que tem que sensibilizar o profissional. Não, você fez um concurso público, nós temos leis, né? Nós temos a Lei Maria da Penha, a lei do feminicídio, a lei da igualdade salarial, nós temos a tipificação da violência sexual. São legislações, do mesmo jeito que existe a lei para combater o tráfico de drogas, o crime organizado, a questão dos roubos e furtos. Se você passou no concurso, é paracumprir a lei, não é para você chegar no seu serviço e fazer o seu julgamento sobre o caso”, afirmou a ex-ministra.
“O que precisa mudar dentro dos critérios? Quando você abre um serviço especializado, você precisa ver se a pessoa que está indo para aquele serviço tem aptidão para trabalhar naquele lugar. Hoje no Brasil, não vou dizer que aqui em Mato Grosso do Sul, mas no Brasil, é uma prática de que o servidor, seja policial, seja do cartório, seja assistente social, de qualquer função, não estou falando só da segurança pública, se dá trabalho, não serve, vai lá para delegacia da mulher, vai lá pro centro de referência, vai lá para casa da mulher brasileira, para não dar mais trabalho”.
“Tem algumas coisas que antecede, a questão do atendimento, a qualidade do atendimento. O sistema ele vai funcionar, porque aí a gente coloca o sistema, porque isso a gente cria uma fantasia para justificar os erros. O sistema só vai funcionar se aqui embaixo funcionar, porque nós precisamos entender que o Estado brasileiro é feito das pessoas que trabalham no Estado brasileiro. E o sistema ele é consequência de quem faz com que ele funcione, o ser humano”.