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Cinco anos de Covid-19: como a pandemia segue impactando pequenos negócios

Há cinco anos, no início de 2020, o mundo enfrentava uma pandemia global com consequências ainda desconhecidas.

Os efeitos da covid-19 foram desastrosos para muitos negócios, que em tempo recorde tiveram que driblar desafios ligados ao desabastecimento de mercadorias, matérias-primas e a ausência de clientes.

De acordo com dados do IBGE, mais de 700 mil pequenos negócios fecharam as portas entre os meses de março e junho de 2020. Nos seguintes, o impacto se desdobrou em uma redução no volume de empregos gerados e desafios financeiros e gestão que se estenderam, mesmo após a retomada.

Mas, para além das sequelas deixadas pelo período, a pandemia serviu de propulsora para inúmeros modelos de negócio que prosperaram a partir da adoção de tecnologia, diversidade de canais de distribuição e atendimento ao cliente e novos produtos e serviços que priorizam uma excelente experiência do consumidor. Muitas empresas também migraram para o ambiente online, e adotaram o trabalho remoto como modelo oficial.

Alguns setores foram particularmente beneficiados por essas mudanças, o que abriu espaço para que PMEs com propostas de valor ligadas a tendências como auto atendimento e autosserviço, delivery e contactless.

É o caso de negócios como lavanderias self-service, minimercados autônomos e aplicativos de entrega, que tiveram um crescimento expressivo, impulsionados pela busca por conveniência e eficiência.

Agilidade e tecnologia

Embalada pelo bom momento do varejo digital, a Airlocker é um exemplo de empresa que viu suas operações decolarem no período. Fundada em 2019, a empresa colocou o modelo de negócio à prova poucos meses após seu lançamento, mas logo teve de se reinventar.

A ideia inicial era oferecer armários inteligentes em parceria com lavanderias e condomínios residenciais, nos quais os moradores pudessem levar e retirar suas roupas e itens de casa após a lavagem. O maior tempo em casa e a mudança de hábitos domésticos, porém, eram empecilhos para que o negócio ganhasse escala.

A solução encontrada foi expandir as parcerias com diferentes varejistas, aproveitando o bom momento do e-commerce e as restrições sanitárias e de distanciamento social, explica Elton Matos, sócio-fundador e CEO da Airlocker.

Elton Matos, sócio-fundador e CEO da Airlocker • Divulgação/Reprodução

“Não havia um modelo de negócio voltado ao franchising ou à integração com serviços cotidianos, como lavanderias ou e-commerce, o que limitava bastante a popularização da tecnologia. Foi justamente esse cenário pouco explorado que nos motivou a trazer a ideia para o Brasil e adaptá-la às necessidades locais”, diz.

Desde então, a empresa passou a atuar por meio de um marketplace formado por diferentes fornecedores dispostos a entregar suas encomendas em armários dispostos por todo o país, como lavanderias, pet shops e empresas de logística. A Airlocker intermedia 3 mil entregas por dia.

A grande aposta da Airlocker está na intersecção do online e físico, permitindo que compradores tenham acesso aos produtos colocados em seus carrinhos digitais pouco tempo depois, nos locais de armazenamento da Airlocker, que podem ser gerenciados digitalmente e abertos por meio de um QR Code exclusivo.

Em ritmo positivo de crescimento, a empresa decidiu escalar seus negócios e migrar, em 2022, para o modelo de franquias. Atualmente, são 340 armários distribuídos em 21 estados do Brasil, além de uma unidade em Angola — um crescimento de 1033%, segundo a empresa.

De acordo com o fundador, a pandemia foi o grande catalisador do crescimento da rede, mas a busca pela relevância e experiência do consumidor mesmo após a retomada do varejo físico continua determinando a atuação e estratégica da empresa.

“Durante aquele período, aprendemos a enxergar além do armário físico. Focamos na experiência do usuário e na solução de dores reais, como segurança, conveniência e autonomia. Esse mindset permanece até hoje”, afirma.

Para manter o ritmo de expansão, a rede agora foca em multiplicar o número de franquias, ao mesmo tempo em que mantém a essência do negócio: um software. Em 2025, a previsão é chegar a 792 armários e faturamento de R$ 8 milhões.

Foco na autonomia

Fundada em 2020, o market4u, rede de mercados autônomos, foi beneficiada pelo contingente de pessoas forçadas a ficarem em casa durante a pandemia de covid-19.

Ao se associar a condomínios residenciais levando pequenos mercados que dispensam a necessidade de compradores se deslocarem até os mercados, a empresa ajudou a popularizar o autoatendimento no Brasil.

Os mercados autônomos não contam com atendentes, e prometem uma experiência de compra mais ágil e acessível.

“No início da pandemia instalamos em seis meses o número de unidades que havíamos projetado para três anos, atendendo à crescente demanda por soluções de compras seguras e convenientes”, conta Eduardo Córdova, sócio-fundador e CEO do market4u.

Eduardo Córdova, sócio-fundador e CEO do market4u • Divulgação/Reprodução

“No início, os síndicos apresentavam certa resistência, mas com a chegada da pandemia a solução se tornou uma alternativa cômoda e segura, especialmente em um cenário onde a conveniência se tornava cada vez mais essencial”.

Atualmente, a rede conta com mais de 2 mil lojas em todo o país, com unidades em condomínios residenciais e comerciais.

Segundo Córdova, o futuro dos mercados autônomos não está ameaçado pela retomada das compras presenciais, já que a busca por comodidade e autonomia no atendimento seguem sendo tendências irreversíveis, especialmente no varejo.

Manter a relevância, nesse cenário, dependerá da diversificação da atuação da rede. A market4u está expandindo a presença em prédios corporativos, além de estender as parcerias para novos segmentos, como a hotelaria.

“Também estamos atentos a novas oportunidades que surgem com a evolução do comportamento do consumidor, de fato, o impacto daquela expansão inicial ainda é sentido hoje, porque estabeleceu as bases para o crescimento sustentável da empresa e solidificou a confiança dos consumidores em nosso serviço”, conclui.

Como manter a relevância

No cenário pós-pandemia, a inovação contínua será determinante para evitar a saturação do mercado e garantir a perenidade de negócios que nasceram sob a ótica da digitalização, avalia Vinícius Barreto, vice-presidente da vertical Scale Up no Ecossistema 300 Franchising.

Para o especialista, a economia colaborativa e o uso inteligente de plataformas digitais serão cruciais para as empresas que desejam ampliar seu alcance e manter-se relevantes em um mercado dinâmico e cada vez mais tecnológico.

Além disso, é preciso considerar cada vez mais a adoção de modelos de negócios híbridos, que mesclam atuação física e digital e recursos de automação.

“Essa transformação não foi apenas uma resposta emergencial, mas uma mudança definitiva no comportamento de consumo. Hoje, a automação e a digitalização são pilares essenciais para a sustentabilidade desses modelos, permitindo operações mais enxutas, redução de custos e maior previsibilidade nos negócios”, diz.

(texto de Maria Clara Dias)

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