O Grupo Rodonaves se prepara para seu terceiro ciclo consecutivo de cinco anos em que vai dobrar de tamanho. De 2016 a 2020, passou de R$ 700 milhões em faturamento para R$ 1,4 bilhão. De 2021 a 2025, chega a uma receita de R$ 2,8 bilhões. E o plano da empresa, criada em Ribeirão Preto (SP) e que completa 45 anos nesta quarta-feira (5), é alcançar R$ 6 bilhões em faturamento até 2030, a partir da digitalização da companhia e de iniciativas ancoradas em ESG (ambiental, social e de governança). O BRAZIL ECONOMY detalha o projeto em primeira mão.
“Estamos vindo de ciclos muito fortes de crescimento. Nosso foco é preparar um novo ciclo para assegurar essa evolução. Desde o ano passado, temos trabalhado mais internamente para que, a partir de 2026, tenhamos avanços e cheguemos ao fim da década com R$ 6 bilhões de faturamento”, disse ao BRAZIL ECONOMY Régis Tiecher, CEO do Grupo Rodonaves, que assumiu o posto em fevereiro de 2024, após 30 anos na John Deere, onde começou como aprendiz e saiu como head de suprimentos para a América do Sul.
Nesses quase dois anos à frente do Grupo Rodonaves, Tiecher focou na operação interna. “Olhamos para dentro”, nas palavras dele, “para uma virada tecnológica, uma pegada de inovação e uma gestão de pessoas”.
“Tudo isso para posicionar a empresa ainda melhor na questão da experiência do cliente. Historicamente, a companhia sempre teve uma fortaleza nos relacionamentos com clientes. Queremos, para esse futuro, conectar o relacionamento com esse mundo mais digital e muito mais ágil”, afirmou o executivo.
Um dos destaques deste momento é a adoção da metodologia S&OP (Sales & Operations Planning) no setor de transporte e logística, ferramenta que trouxe 98% de acuracidade no planejamento de demanda, gerando maior produtividade, previsibilidade e desempenho operacional. A aceleração da jornada digital inclui ainda uma solução totalmente digital até 2026, a partir de uma plataforma própria.
A tecnologia tem asfaltado a estrada para o próximo ciclo, mais sustentável tanto no âmbito financeiro quanto no ambiental. Na parte financeira, a projeção é de que o grupo cresça 9,3% em 2025, alcançando R$ 2,8 bilhões em receita e chegando a R$ 3,23 bilhões em 2026, um avanço de 15%.
O grupo é formado por um ecossistema de seis empresas. A RTE Rodonaves (transporte de cargas fracionadas nos modais rodoviário e aéreo) responde por cerca de 90% do faturamento. As demais são: RTE Agro (carga dedicada, com soluções logísticas para o agronegócio), Iveco Rodonaves (com seis concessionárias), Rodonaves Locação de Veículos, Rodonaves Restauradora Multimarcas e Rodonaves Corretora de Seguros.
“Cada linha de negócio está integrada para alimentar e ajudar a outra. É um dos motivos do sucesso desses 45 anos”, frisou o CEO, sobre o modelo de negócio criado por João Naves em 1980 com uma bicicleta adaptada para pequenas cargas – o fundador é o atual presidente do grupo.
São 427 unidades entre filiais, parceiros e Centros de Transferência de Cargas (CTCs), que realizam 84 mil operações de coleta e entrega por dia, mais de 1,6 milhão por mês. A empresa opera 15 CTCs, totalizando 73 mil m² e 845 docas, com destaque para as recentes ampliações em Belo Horizonte (MG) e Goiânia (GO), que fortalecem o escoamento pelas principais rotas do Sudeste e do Centro-Oeste.

Em 2026, a companhia inaugura o CTC de Farroupilha (RS), ampliando ainda mais sua presença no Sul e reforçando o atendimento em até 24 horas no Rio Grande do Sul. Também está prevista expansão em Chapecó (SC).
ESG
O ESG permeia todas as vertentes do Grupo Rodonaves. A companhia vem evoluindo no processo de profissionalização da gestão, com a família fundadora no Conselho de Administração e a governança em constante aprimoramento.
Em relação ao meio ambiente, neste ano a empresa destinou R$ 63 milhões à renovação da frota. Foram 108 caminhões adquiridos, mantendo a idade média dos veículos em cerca de quatro anos, enquanto a média nacional é de 22,3 anos, segundo dados da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Atualmente, 97% da frota já conta com motores Euro 5 e Euro 6, contribuindo para a redução das emissões e do consumo de combustível.
A companhia também avança em inovação verde, com um projeto de caminhões movidos a biometano previsto para o ano que vem.
Entre as iniciativas sociais, destaque para o Programa Movimenta, que desde 2023 oferece formação prática e teórica para jovens atuarem como assistentes de logística. Dezenas de participantes já foram formados e contratados pela própria empresa.
Outra ação é o Programa Tração, que desde 2010 já formou cerca de 500 motoristas (incluindo turmas exclusivas para mulheres), em parceria com o Sest/Senat e a Fabet. “Temos a responsabilidade de formar a nova geração de motoristas, que é um dos nossos grandes desafios no setor”, disse Tiecher.
Na avaliação de Vera Naves, vice-presidente do Grupo Rodonaves, governança, sustentabilidade e desenvolvimento humano caminham juntos. “Temos o compromisso de promover oportunidades, valorizar a diversidade e contribuir para o desenvolvimento da sociedade. Isso se reflete em nossas práticas, na formação de novos profissionais e na forma como conduzimos cada decisão”, afirmou a executiva.