O mundo está cheio de histórias de pessoas que entram no negócio do vinho para realizar um sonho. Evidentemente, nem todas conseguem torná-lo realidade. No caso do empresário mineiro Rubens Menin, a paixão se transformou em um campo de investimento estratégico, que em pouco mais de uma década já começa a mostrar resultados. Talvez porque ele tenha aplicado no setor vitivinícola a mesma combinação de ousadia, método e foco de longo prazo que o consagrou na construção civil, no mercado financeiro e na comunicação.
O homem que criou a MRV Engenharia, fundou o Banco Inter, trouxe a CNN para o Brasil e controla o grupo Log também se encantou com a paisagem do Douro, no norte de Portugal, reconhecida como Patrimônio Mundial pela Unesco. Originalmente estabelecida em 1756 por iniciativa do Marquês de Pombal para regular a produção de vinho do Porto, a Região Demarcada do Douro definiu mundialmente o modelo institucional de organização do que hoje se conhece como Denominação de Origem Controlada.
Para Menin, a paisagem montanhosa que margeia o Rio Douro, com seus terraços e paredes de pedra que há séculos permitem cultivar videiras de alta qualidade, foi o cenário ideal para abrigar um projeto estruturado e ambicioso: a Menin Wine Company, holding que controla duas vinícolas, Menin Douro Estates e H.O Horta Osório Wines. Com investimentos estimados em mais de 55 milhões de euros, o grupo pretende unir tradição e inovação para posicionar seus vinhos entre os mais admirados do país. Uma tarefa que exige não apenas capital, mas paixão. Nas palavras de seu idealizador, trata-se de um “ambicioso projeto de desenvolvimento vitivinícola, centrado na região do Douro, com o objetivo de criar, a médio prazo, um portfólio de vinhos DOC Douro de excelência, tintos e brancos, mas também de vinhos do Porto”.
A H.O Horta Osório, cuja história remonta a 1791, passou a integrar o portfólio da Menin Wine Company em 2021. Desde então, a vinícola vem se destacando por práticas sustentáveis, precisão técnica e uma filosofia de respeito absoluto ao território. Com 55 hectares de vinhas no Baixo Corgo, sub-região marcada pela diversidade de solos, como xisto e granito, e altitudes que variam entre 250 e 400 metros, a H.O tem a liderança da diretora-geral Fásia Braga, que trabalhou como executiva C-level por mais de duas décadas em empresas do grupo Menin nos setores de construção, incorporação e loteamento. Há cerca de um ano, ela está à frente de um novo território, onde nascem as uvas que dão origem a brancos, rosés e tintos de excelência.
Uma seleção de rótulos da H.O foi apresentada em um almoço no dia 11 de novembro. Assim como a Menin Douro Estates, a marca H.O passa a ser distribuída pela The House of Wines, que tem entre os sócios o experiente Rafael Vidigal, ex-LVMH e Pernod Ricard. A importação é da própria Menin Wine Company.
Durante o almoço em São Paulo, foram servidos quatro rótulos que expressam a filosofia da H.O: precisão, frescor e autenticidade. Cada um revela uma faceta distinta do Douro, unindo tradição e técnica contemporânea. A enologia está a cargo dos talentosos João Rosa Alves e Tiago Alves de Sousa, filho do renomado Domingos Alves de Sousa, eleito Produtor do Ano em 1999 e novamente em 2006 pela Revista de Vinhos. Assim como o pai, Tiago tem se destacado entre os grandes talentos de sua geração.
H.O Reserva Branco 2022 (R$ 166,00)
Elaborado a partir das castas Viosinho, Arinto, Rabigato e Verdelho, nasce da seleção de parcelas com exposição solar nascente e solos de xisto e granito, entre 250 e 400 metros de altitude. A maturação é acompanhada com rigor para garantir equilíbrio e expressão varietal. O resultado é um branco elegante e vibrante, com notas cítricas e minerais, reconhecido com 93 pontos por James Suckling.
H.O Bertelo 2022 (R$ 649,00)
Representa a expressão singular da parcela Bertelo, localizada no Baixo Corgo, próxima à Serra do Marão. O solo xistoso e a altitude conferem ao vinho uma rara combinação de intensidade e frescor. Predominam as castas Viosinho, complementadas por Rabigato, Arinto e Gouveio. Medalha de prata no IWSC 2024, é um vinho de textura cremosa e final salino, fiel ao terroir.
H.O Matrona Rosé 2023 (R$ 649,00)
Vinho de perfil sofisticado, nasce da parcela de vinhas velhas Matrona, em Alvações do Corgo. As videiras misturam castas tintas e brancas em solos de xisto e granito a 400 metros de altitude. Entram no corte 30% Malvasia Preta, 20% Baga, 20% Touriga Franca, 15% Tinta Amarela, 10% Mourisco e 5% variedades brancas antigas do Douro, como Malvasia Rei, Tamarez e Molinha. A exposição poente traz frescor e profundidade, resultando em um rosé de delicadeza aromática e acidez precisa. Foi premiado pela revista Grandes Escolhas.
H.O Achado Tinto 2019 (R$ 649,00)
Síntese da complexidade do Douro, combina Touriga Nacional, Touriga Franca e Sousão com vinhas velhas que chegam a 110 anos de idade, contendo até 25 castas misturadas. As diferentes exposições solares e a diversidade de solos de xisto resultam em um tinto intenso, de taninos firmes e notas de fruta negra, especiarias e leve defumado. Vencedor de bronze no IWSC 2025, é um vinho de guarda que passou 18 meses em barricas de carvalho. Embora já tenha seis anos em garrafa, ainda precisa de tempo para alcançar seu apogeu.
Mais do que uma aventura no mundo do vinho, o projeto de Menin representa a expansão de uma filosofia empresarial. “O Brasil é um mercado-chave para nossa expansão e um território onde buscamos fortalecer a presença das marcas que produzimos no Douro”, afirmou o empresário.
Para quem quiser visitar a H.O, há experiências que variam de 25 euros por pessoa até 80 euros, caso da seleção de seis vinhos do Porto, de 10 a 40 anos, além de um LBV e um Vintage da marca Menin. A vinícola está prestes a lançar um Porto de 80 anos. Assim, o empresário Rubens Menin une duas dimensões que o definem: a mente de investidor e a alma de apreciador. Entre vinhas centenárias e solos de xisto, ele transforma o Douro em mais um capítulo de sucesso, agora engarrafado.
