A agenda econômica fraca desta terça-feira (18) dá a sensação de que o dia no mercado financeiro será arrastado em meio à ausência de notícias e à espera de divulgações importantes nesta semana. E a verdade é que os investidores estão sofrendo por antecipação, antes do balanço da Nvidia e do relatório oficial de emprego nos Estados Unidos (payroll), o que provoca um mau humor generalizado nos mercados globais.
Wall Street segue em modo risk off nesta manhã, um dia após os índices S&P 500 e Nasdaq registrarem o pior pregão em um mês. E parece que mais está por vir. O receio de que a gigante de tecnologia sinalize uma bolha nas empresas de Inteligência Artificial (IA) combinado com a virada nas apostas para o Federal Reserve em dezembro, com chances majoritárias de pausa nos cortes do juro dos EUA, causam nervosismo.
O sinal negativo se espalha para além das ações de tecnologia e atinge os demais ativos de risco, alcançando também o ouro e as criptomoedas. Aliás, o Bitcoin caiu ao menor nível desde abril, cotado abaixo de US$ 93 mil e apagando os ganhos no ano – vale lembrar que no mês passado a cripto ultrapassou a barreira de US$ 125 mil. Ao que tudo indica, o mercado exagerou não apenas no otimismo com cortes rápidos pelo Fed e o frenesi da IA.
Contágio doméstico?
Esse ambiente externo de aversão ao risco tende a contaminar os ativos locais, em meio ao alinhamento da correção nos preços entre os diferentes mercados. Ontem, o Ibovespa fechou em queda moderada, ao passo que o dólar subiu um pouco e fechou o dia cotado a R$ 5,33, em meio à recomposição de prêmios na curva de juros futuros.
No entanto, o mundo girou bastante nas últimas semanas e há tanta coisa acontecendo que o foco apenas em dados econômicos não é suficiente. A estimativa de inflação dentro da meta em 2025 no Brasil, trazida ontem pelo Relatório Focus, reforça a mudança de cenário para a taxa Selic. E juros e inflação para baixo resultam em bolsa para cima.
Ou seja, enquanto Nova York embarca em uma forte pressão vendedora, com uma nova bolha das techs prestes a estourar e os estímulos monetários demorando a chegar, o ambiente interno está favorável ao apetite por risco. Resta saber a resiliência dos mercados domésticos aos fortes ventos que sopram do exterior contra a tomada de risco por aqui.
Passeio pelo mercado
Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram em queda, sinalizando uma continuidade da pressão vendedora após as perdas acentuadas entre as ações ontem.
Na Europa, as bolsas também estão no vermelho, após forte queda na Ásia, onde Tóquio liderou as baixas, com -3,22%.
Entre as moedas, o dólar perde terreno em relação às rivais, com o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) embutindo no preço a mudança de expectativa para o Fed de dezembro.
Nas commodities, o petróleo cai, mas o minério de ferro negociado em Dalian (China) fechou em alta firme, de 1,4%, seguindo acima da faixa de US$ 110 a tonelada métrica.
Já o ouro recua, mas segue acima da marca de US$ 4 mil a onça-troy. Entre as criptomoedas, o Bitcoin é negociado na faixa de US$ 90 mil
Agenda do dia
Indicadores
- 10h15 – EUA: Pesquisa ADP sobre emprego no setor privado (outubro)
- 12h – EUA: Encomendas à indústria (agosto)
- 12h – EUA: Índice de confiança das construtoras (novembro)