A proposta de criação da CPI dos Consignados na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) não avança e permanece com apenas quatro assinaturas, apesar das tentativas do deputado Henrique Lopes (PT) de mobilizar apoio.
Durante audiência pública nesta terça-feira (17), Henrique cobrou explicações dos colegas que resistem a assinar o pedido e criticou a postura das operadoras de crédito, que participaram do debate e tentaram se colocar como vítimas no escândalo das fraudes em empréstimos a servidores públicos.
“Se tem vítima nesse processo, é o trabalhador. Talvez até os trabalhadores das operadoras também sejam vítimas, mas o que não dá é misturar as estações para tentar se colocar como vítima. Nunca dissemos que os funcionários das empresas de consignados agem de má-fé. O problema está na má-fé do Estado, que credencia as empresas e executa os descontos”, afirmou o deputado.
Henrique destacou que a CPI proposta busca apurar o grau de responsabilidade do Estado e identificar quem se beneficiou das fraudes. Ele criticou a inação da Casa diante do escândalo. “Cada um precisa explicar por que não assina uma comissão parlamentar de inquérito, que é prerrogativa desta Casa.
É um absurdo o que aconteceu com os servidores de Mato Grosso e precisamos investigar o comprometimento dos agentes públicos. Não dá para terceirizar essa responsabilidade”, declarou.
O parlamentar também rebateu o deputado Gilberto Cattani (PL), que o acusou de não ter assinado sua proposta de CPI. Henrique negou a acusação e disse que está disposto a apoiar o pedido de Cattani. “Isso não é verdade. Eu assino o requerimento dele antes de sair daqui.
O que discutimos é que a proposta do deputado Cattani quer investigar apenas a empresa, enquanto o nosso pedido inclui o grau de responsabilidade do Estado. Não vejo problema em as duas CPIs correrem paralelamente. O que precisamos descobrir é por que os outros 20 deputados ainda não tiveram coragem de assinar um pedido de CPI”, completou.
A audiência pública discutiu também o decreto 28.285, que suspendeu por 90 dias os contratos da Capital Consig com o Estado. O debate contou com representantes de sindicatos, do Tribunal de Contas e das operadoras de crédito, além de parlamentares. Henrique disse esperar que a pressão da sociedade e novas discussões em plenário façam a Assembleia cumprir seu papel de investigar as irregularidades.