A deputada estadual Edna Sampaio (PT) já conquistou o número de assinaturas necessárias para instaurar na Assembleia Legislativa de Mato Grosso a CPI do Feminicídio. Conforme a petista, a comissão que terá como objetivo investigar as causas, responsabilidades e falhas nas políticas públicas voltadas ao enfrentamento da violência contra a mulher.
A iniciativa foi oficializada durante o Agosto Lilás, mês dedicado à conscientização sobre o combate à violência de gênero, o que, segundo a parlamentar, torna o ato ainda mais simbólico. “É importante que a Assembleia se posicione de forma firme diante de um cenário tão grave. Temos leis, temos órgãos, mas os números mostram que não está dando certo. Em Mato Grosso, o índice de assassinatos de mulheres é o dobro da média nacional. Então, onde estamos errando?”, questionou.
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Edna ressaltou que a CPI não será apenas um instrumento de investigação, mas também de responsabilização do poder público e da sociedade. “Não podemos naturalizar essa tragédia. Quando aceitamos a morte de mais uma mulher como se fosse algo comum, estamos falhando como Estado e como sociedade. Precisamos nos despir das vaidades políticas e enfrentar o problema com coragem”, disse.

A deputada destacou ainda que o enfrentamento ao feminicídio não pode ser restrito às mulheres. “É fundamental que os homens também se somem a essa luta. Não é apenas uma pauta feminina, é uma pauta de toda a sociedade. Queremos convocar todos os que respeitam e amam as mulheres para não aceitarem essa escalada de violência”, declarou.
Participação popular
Edna Sampaio defendeu que a CPI seja acompanhada de perto pela população e não se limite às discussões internas da Assembleia. “Essa investigação não pode ser feita entre quatro paredes. Queremos que a sociedade acompanhe, participe e contribua com propostas de solução”, afirmou.
Como parte desse movimento, a deputada anunciou a realização de uma audiência pública em Cáceres, no dia 18 de setembro, às 17h, em parceria com a Câmara Municipal. O encontro será voltado à construção coletiva de estratégias de enfrentamento ao feminicídio e ao fortalecimento da participação popular na CPI.
“Estamos falando de um problema que afeta metade da população: as mulheres, que também representam metade da força produtiva e política do país. É hora de mudar essa realidade”, concluiu a parlamentar.
Casos bárbaros
Somente esse ano, foram registrados 33 feminicídios em Mato Grosso. O último ocorreu no domingo, dia 17, em um pesqueiro às margens da BR-163, em Sorriso (MT), a 411 km de Cuiabá. A estudante Jacyra Grampola Gonçalves da Silva, de 24 anos, foi morta a tiros pelo ex-companheiro, José Alves dos Santos, de 31 anos.
A vitima, tinha medida protetiva contra o ex-companheiro, mas isso não foi suficiente para impedir o crime.
Anuário da segurança
Mato Grosso registrou, pelo segundo ano consecutivo, a maior taxa proporcional de feminicídios do país em 2024, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. No ano passado, 47 mulheres foram assassinadas por motivação de gênero no estado, o que representa uma taxa de 2,5 casos por 100 mil habitantes, a maior do Brasil.
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