No oitavo dia de depoimentos na CPI do Transporte Coletivo, realizado na Câmara Municipal de Campo Grande, o ex-diretor da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços), Vinícius Leite Campos, afirmou que o contrato com o Consórcio Guaicurus deveria ser rompido “amigavelmente”. O depoimento aconteceu na tarde desta segunda-feira (26).
Ao ser questionado por um dos vereadores, Vinícius, que atuou no comando da pasta por 4 anos, disse que o contrato de concessão vigente é inviável para ambas as partes, mas que se rescindido nos termos atuais, uma nova licitação não teria interessados.
Dessa forma, para o ex-diretor, a rescisão deveria acontecer de forma “amigável”, sendo uma decisão política. Entretanto, afirmou não se lembrar de propor formalmente a proposta ao então prefeito Marquinhos Trad, que atuava no cargo à época.
“Eu acho importantíssimo que essa CPI também busque junto ao Governo do Estado mais apoio, quer seja zerando o ICMS em cima do do diesel, que ainda cobra 50%, isso dá uma redução na tarifa. E quer seja a câmara criando um fundo do transporte público para que seja repassado o recurso do governo do estado, porque sem subsídio o transporte coletivo é inviável”, afirmou.
Primeira Vistoria
Ainda na manhã desta segunda-feira (26), integrantes da comissão realizaram a primeira vistoria nas garagens das empresas de ônibus que atuam na capital.
Na Viação Morena, os vereadores encontraram uma situação preocupante: três veículos estavam com o licenciamento vencido desde 2021, mas mesmo assim estavam prontos para circular nas ruas da cidade.
O Consórcio Guaicurus foi procurado pela reportagem, mas não retornou até a publicação desta matéria.
Outro depoimento
No dia 21 de maio, o também ex-presidente da Agereg, Odilon de Oliveira Júnior, destacou durante depoimento um investimento milionário feito pelo consórcio pela operação do transporte.
Segundo Odilon, durante sua gestão, em 2021, foi identificado que o Consórcio Guaicurus realizou repasses fracionados a uma empresa chamada “Cidade dos Ipês”. O montante envolvido na operação teria alcançado cerca de R$ 21 milhões em 2013.
“Estudando a contabilidade do consórcio, notei um investimento de longo prazo em uma empresa estranha. Solicitamos uma avaliação técnica e, ao longo da apuração, foi detectado que valores na casa dos R$ 21 milhões haviam sido transferidos. A Agereg, então, oficializou o consórcio pedindo esclarecimentos”, relatou.
Segundo o ex-gestor, os repasses teriam ocorrido entre 2016 e 2021, o que gerou questionamentos por parte da própria agência.
Na quarta-feira (28), é a vez de Rodrigo Koel Marques Inoue, diretor da Procuradoria Jurídica e presidente da Junta de Análise e Julgamentos de Recursos da Agereg, e José Corsine da Silva, diretor de Fiscalização e Auditoria Contábil, também da Agereg, a responder as perguntas na CPI.