Em entrevista ao podcast Política de Primeira, a ex-ministra das Mulheres, Cida Gonçalves (PT), fez um alerta sobre o crescimento da violência contra mulheres no país e, especialmente, em Mato Grosso do Sul, que até então, registra 35 casos de feminicídios em 2025. O número que supera todo o total de casos de 2023, um cenário que classificou como “assustador” e resultado direto do avanço da cultura de ódio contra as mulheres – assista acima.
Cida destacou que, embora o Brasil tenha acumulado importantes conquistas legais desde a redemocratização, especialmente após a Constituição de 1988, as últimas décadas também foram marcadas pela disseminação da misoginia. Esse movimento, afirma, se intensificou a partir de 2010, com a resistência social ao avanço das mulheres no mercado de trabalho e em espaços de poder.
A ex-ministra aponta que a internet amplificou discursos violentos. “Se você tem 8 milhões de pessoas consumindo conteúdo que prega ódio todos os dias, o resultado é o aumento do feminicídio. Esse discurso autoriza a violência”, afirmou.
Além da quantidade crescente de casos, Cida chamou atenção para o aumento da crueldade. “Ninguém dá 54 facadas sem ser movido por ódio”, disse. Ela citou episódios recentes para ilustrar esse agravamento, como o caso de uma mulher e sua filha queimadas vivas em Mato Grosso do Sul, e o de um homem no Rio Grande do Sul que jogou o próprio filho de um pontilhão para atingir a mãe.
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A ex-ministra relaciona esse fenômeno ao avanço da chamada “machosfera” e de grupos conhecidos como red pill, que difundem a ideia de que mulheres devem voltar a posições de submissão. Para ela, esses movimentos influenciam especialmente adolescentes e jovens, alimentando comportamentos violentos.
“Além de aumentar o número de feminicídios, aumentou a crueldade. Isso é consequência do ódio disseminado. A sociedade precisa enfrentar isso”, afirmou.