A indústria de Mato Grosso ganhou protagonismo com a realização da Expoind MT 2025, feira de negócios realizada de 4 a 6 de novembro no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá. Organizada pela Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec MT), a feira reuniu mais de 100 expositores, startups, câmaras de comércio, compradores, fornecedores e lideranças setoriais, oferecendo painéis temáticos, palestras magnas, rodadas de negócios e espaços de inovação tecnológica.
O MT Econômico traz um resumo dos principais acontecimentos desse importante evento, que se concretizou como um marco para o desenvolvimento industrial de Mato Grosso.
O governador Mauro Mendes destacou a relevância do setor industrial na diversificação econômica do Estado e na geração de empregos formais, ressaltando que a indústria mato-grossense transforma matéria-prima local em inovação e desenvolvimento regional. “O setor industrial nas últimas duas décadas tem se destacado em nosso estado, com geração de empregos, sustentabilidade e crescimento. É um setor de grande relevância para Mato Grosso e todo o Brasil”, afirmou.
O presidente da Fiemt, Silvio Rangel, reforçou que a Expoind é um espaço para multiplicar ideias, parcerias e oportunidades, reunindo empresas de todos os segmentos, da base florestal à tecnologia, da alimentação à energia, da construção civil ao vestuário. “A Expoind é um sonho que se torna realidade, um espaço para multiplicar ideias, parcerias e oportunidades. Um evento voltado às empresas que acreditam em Mato Grosso e fazem a roda da economia girar por aqui todos os dias”, declarou.
Durante a abertura, também foi descerrada a maquete da Usina Itaicy, inaugurada em 1897 em Santo Antônio do Leverger, marco histórico da industrialização em Mato Grosso.
Internacionalização e oportunidades de negócios
A feira contou com a presença de câmaras internacionais de comércio, como Brasil-Peru, Brasil-Paraguai, Índia-Brasil e China-Brasil, além da ApexBrasil, promovendo oportunidades de investimento e exportação. Segundo Antônio Lorenzzi, coordenador de Internacionalização da Fiemt, a internacionalização amplia a competitividade das empresas, diversifica destinos comerciais e impulsiona o desenvolvimento industrial do estado.
Athena Campos, presidente da Câmara Brasil-Peru, destacou o potencial logístico, turístico e gastronômico para estreitar relações com o país vizinho, ressaltando o Porto de Shankai como rota estratégica para exportação de grãos à China. Jean Arald, da Câmara Brasil-Paraguai, enfatizou o Paraguai como ponto-chave na rota bioceânica e no fortalecimento da integração econômica. Já Amanda Dávila, da Câmara China-Brasil, ressaltou a via de mão dupla entre Brasil e China, com oportunidades em tecnologia, inovação e investimentos estratégicos. Guilherme Mota, da Câmara Índia-Brasil, destacou o intercâmbio tecnológico e investimento direto como áreas com grande potencial de cooperação.
Saúde e Segurança do Trabalho
O Painel sobre Saúde e Segurança do Trabalho abordou os riscos psicossociais e os desafios das novas Normas Regulamentadoras (NR-1 e NR-17). Mediado por Márcio Alves (SESI MT), contou com a participação de Sulwey Costa (SESI MT), deputado Carlos Avallone e Flora Regina Camargos Pereira (MTE).
Os especialistas discutiram a importância de integrar bem-estar, produtividade e sustentabilidade, destacando fatores como envelhecimento da população, doenças crônicas e impactos da pandemia sobre a saúde mental. Entre as boas práticas recomendadas estavam canais de escuta, formação de lideranças empáticas e programas contínuos de suporte emocional.
O deputado Avallone ressaltou que a saúde mental é uma questão social e institucional, destacando iniciativas como o Projeto Escuta e a Câmara Setorial de Saúde Mental na Assembleia Legislativa. Já Flora Camargos enfatizou que a fiscalização agora foca no ambiente de trabalho, não no indivíduo, e que a escuta ativa dos trabalhadores e a integração entre NR-1 e NR-17 são fundamentais para gestão moderna em saúde e segurança.
Transformação digital e Indústria 4.0
O painel “Da base à maturidade digital: o caminho para a Indústria 4.0”, mediado por Edvar Spadette (Tagna), trouxe especialistas como Felipe Pimentel (Bayer) e Henrique Zahner (Senai MT), que discutiram os desafios da digitalização industrial.
Muitas empresas ainda operam em estágios iniciais de automação (Indústria 2.0 ou 3.0), destacando a necessidade de diagnósticos precisos e planos de transformação gradativa. Exemplos de sucesso incluíram redução de custos de energia elétrica e monitoramento do OEE em tempo real. A Bayer apresentou cases de modernização e automação agrícola, reforçando que a tecnologia só funciona quando há mudança cultural e engajamento das equipes.
Os especialistas destacaram oportunidades na fase de maturidade digital, como tomada de decisão em tempo real, redução de perdas, eficiência energética e ganho de competitividade, sustentados por governança e capacitação contínua.
Reforma Tributária, planejamento patrimonial e sucessório
A palestra “Impactos da Reforma Tributária na Logística e no Comércio Exterior”, com Newton Novaes e João Casalatina (Simões Pires), mostrou como as mudanças exigem revisão da estrutura operacional e fiscal das empresas, eliminando operações estruturadas apenas para obter benefícios tributários e fortalecendo redes logísticas mais eficientes.
O advogado Vinícius de Paula destacou a importância do planejamento patrimonial e sucessório, especialmente para empresas familiares, ressaltando governança, proteção do patrimônio e preparação de indivíduos como pilares para a longevidade empresarial.
Inovação e futuro das organizações
O fundador da StartSe, Junior Borneli, abordou a adaptação contínua das empresas diante de um mundo em transformação acelerada. Segundo ele, “apenas as empresas que aprenderem a morrer um pouquinho todo dia continuarão vivas”. Borneli apresentou exemplos de impacto global de pequenas inovações e alertou para a expansão da inteligência artificial, ressaltando que funções repetitivas serão substituídas por máquinas, enquanto o humano será cada vez mais relevante.
Sustentabilidade e gestão ambiental
O Painel V discutiu gestão ambiental e avanços tecnológicos na indústria. Monicke Sant’Anna (FIEMG) destacou cartilhas de conformidade e programas de fiscalização preventiva. Ednei Blasius (CIPEM) falou sobre rastreabilidade da madeira, combate ao desmatamento ilegal e desafios do setor florestal.
O Painel de Gestão da Água abordou planejamento hídrico e reuso industrial, com participação de Eliana Rondon (UFMT), Monique Sant’Anna (FIEMG) e Pamela Sangaleti (Frealto). O debate evidenciou que a água é um insumo estratégico, e a redução do consumo deve ser baseada em eficiência e inovação.
Startups e inovação tecnológica
O Startup Village reuniu empresas como Futurai, Melvin, Mogai, TCX e Tagna, apresentando soluções de automação, inteligência artificial e gêmeos digitais, voltadas à eficiência industrial, redução de custos e aumento da produtividade. Exemplos incluíram redução do tempo de processamento em sementeiras e sistemas de manutenção preditiva.
Comércio internacional e investimentos
O Painel VI discutiu oportunidades de Mato Grosso no comércio internacional e atração de investimentos estrangeiros. Segundo Diogo Akitaya (ApexBrasil), o estado já representa mais de 8% das exportações nacionais, com potencial em alimentos, bioenergia, madeira certificada e produtos industrializados do agro. Anderson Lombardi (Sedec MT) reforçou o objetivo de transformar Mato Grosso em um centro industrial e de inovação, além de celeiro agropecuário.
Captação de recursos e incentivos fiscais
O especialista Marcus Taques apresentou oportunidades de investimento em pesquisa, desenvolvimento e tecnologia, destacando a Nova Indústria Brasil (NIB), que mobilizou R$ 500 bilhões em 250 mil projetos entre 2023 e 2025. Casos de sucesso em Mato Grosso incluíram a Marcenal Indústria Moveleira e a Agro Planting, que automatizaram linhas de produção e desenvolveram equipamentos inteligentes.
Rodadas de negócios e integração sindical
A Rodada de Negócios conectou 36 fornecedores a sete grandes empresas âncoras, promovendo networking, apresentação de soluções e geração de oportunidades comerciais.
A participação dos 37 sindicatos filiados à Fiemt reforçou o compromisso institucional e a integração do setor produtivo, evidenciando o papel das entidades no apoio à inovação, competitividade e desenvolvimento industrial de Mato Grosso.
Expoind MT 2025: um marco para a indústria
Ao longo de três dias, a Expoind MT 2025 consolidou-se como o maior ponto de encontro da indústria mato-grossense, reunindo inovação, tecnologia, sustentabilidade, internacionalização e competitividade em um único espaço. O evento reforça o papel da indústria como motor de desenvolvimento econômico e social, conectando empresas, startups, investidores, sindicatos e instituições públicas em prol do fortalecimento do setor industrial no estado.
Veja aqui outra matéria especial do MT Econômico sobre a abertura do evento
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