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Garimpo em terra indígena de MT destrói área maior que 100 campos de futebol

Uma área de 78 hectares, equivalente a 109 campos de futebol, foi destruída por um garimpo ilegal na Terra Indígena Sete de Setembro, do povo Paiter Suruí, localizada entre Mato Grosso e Rondônia.

Imagens de satélite divulgadas pelo Greenpeace Brasil na última quinta-feira (27) mostram a dimensão do desmatamento na região; veja abaixo:

Garimpo já destruiu área equivalente a mais de 100 campos de futebol na Terra Indígena Sete de Setembro. (Foto: Greenpeace)

Garimpo e destruição de terra indígena

Conforme a denúncia feita pela Organização Não Governamental (ONG) Greenpeace, a área total da terra indígena é de 248 mil hectares. Desses, 60% fica no município mato-grossense de Rondolândia, a 1.600 km de Cuiabá.

Há mais de 10 anos o garimpo é uma atividade de ameaça à Sete de Setembro. Pelas imagens de satélite é possível ver uma área de 78 hectares de atividade garimpeira, concentrada principalmente nas ramificações do rio Fortuninha, região central da terra indígena.

Mapa comparativo da área de garimpo entre junho de 2023 e janeiro de 2025. (Fonte: Departamento de Pesquisa do Greenpeace Brasil)
Mapa comparativo da área de garimpo entre junho de 2023 e janeiro de 2025. (Fonte: Departamento de Pesquisa do Greenpeace Brasil)

No ano passado, o Greenpeace realizou um levantamento para denunciar o avanço do garimpo na região sul do Amazonas.

Até então, a área destruída por garimpo na terra indígena era de 55 hectares em 2022, passando para 72,16 hectares em 2024 e crescendo novamente neste ano, conforme dados da ONG.

Diante disso, o povo Paiter Suruí enfrenta o aumento de conflitos territoriais entre invasores e comunidades locais, que continuam resistindo à várias formas de pressão para a apropriação e exploração de seus recursos naturais.

“É urgente e necessário que as autoridades tomem medidas de proteção ao povo Paiter Suruí, realizem ações de fiscalização e monitoramento da atividade garimpeira e promovam ações de desintrusão dos invasores”, diz trecho da denúncia.

O foco dos garimpeiros são os diamantes presentes na região, além de ouro e cassiterita, itens que tem atraído cada vez mais a atividade garimpeira, inclusive, de pessoas vindas de outros estados para praticarem a atividade ilegal.

Além da ameaça e violência contra os povos indígenas, o garimpo destrói e contamina o meio ambiente devido ao mercúrio – substância tóxica amplamente utilizada na extração de ouro, já que é capaz de separar o metal precioso dos sedimentos, durante a mineração.

O uso de escavadeiras para garimpar a terra indígena é outro ponto de preocupação do Greenpeace, já que esses maquinários abrem novas áreas de exploração equivalentes ao que três homens só fariam durante 40 dias, aumentando o poder de devastação das áreas naturais.

Marco Temporal: a situação das terras indígenas

Em sua denúncia, o Greenpeace citou a recente divulgação da minuta de Lei Complementar por parte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes – resultado das reuniões da Mesa de Conciliação do Marco Temporal.

Segundo a tese do Marco Temporal, os povos indígenas têm direito apenas às terras que ocupavam ou já disputavam na data de promulgação da constituição de 5 de outubro de 1988.

Um dos pontos controversos na tese seria a permissão para a exploração de minerais estratégicos em terras indígenas em diferentes territórios brasileiros.

Caso a proposta seja aceita, como alerta o Greenpeace, casos como a destruição da Terra Indígena Sete de Setembro serão “cada vez mais frequentes e comuns”.

O Greenpeace

O Greenpeace é uma organização ambiental que atua há mais de 30 anos na defesa dos ecossistemas do país, denunciando e confrontando governos, empresas e projetos que incentivam a destruição da Amazônia e ameaçam o clima global.

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