Uma liderança indígena do povo Kumaruara, do Baixo Tapajós, no Pará, esfregou urucum, uma fruta nativa da Amazônia, no rosto de participantes do seminário que está tratando sobre a viabilidade dos aspectos socioambientais da ferrovia Ferrogrão, obra da qual eles são contra.
Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram o momento em que o líder espiritual da aldeia Muruary, identificado como Arnaldo Filho Kumaruara, interrompe o evento que acontecia na Universidade do Oeste do Pará, na tarde de terça-feira (7), sobre a construção que se estenderá do estado do Mato Grosso ao Pará, e tinge o rosto dos representantes do projeto.
“Os impactos desse empreendimento afetarão diretamente não apenas as aldeias indígenas que residem na região, como os povos Munduruku e Kayapó Paranã, mas também acarretarão danos significativos à fauna e flora local”, afirmou João Jumaruara, também membro da aldeia Muruary ao compartilhar o vídeo no Instagram.
“Manifestamo-nos contra esse plano que ameaça o Rio Tapajós, onde diversas aldeias, incluindo a minha, estão situadas. Como povos originários da floresta, defendemos incansavelmente nosso território, pois sem ele não há vida nem preservação da nossa cultura”, completou.
Em nota, o Ministério dos Transportes, responsável pelo seminário, disse que o evento contou com a participação de comunidades e entidades envolvidas no projeto da ferrovia. “Todos tiveram direito a fala, exposições individuais e de se manifestar, como comprova o vídeo amplamente divulgado nas redes sociais”, afirmou a pasta.
Em março deste ano, o cacique Raoni pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que não aprove o projeto de construção da Ferrogrão. O apelo ocorreu durante discurso do líder indígena em Belém, ao receber a maior honraria francesa das mãos do presidente da França, Emmanuel Macron.
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