Como o New York Times informou na terça-feira (18), Bezos ajudou a financiar uma nova startup de inteligência artificial chamada Project Prometheus, que — com 6,2 bilhões de dólares em aporte — se tornaria uma das startups em estágio inicial mais bem financiadas do mundo. Notavelmente, como co-CEO ao lado de Vik Bajaj, físico e químico que trabalhou anteriormente no Google X, o “Moonshot Factory” da empresa, Bezos assume um papel operacional formal pela primeira vez desde que deixou o cargo de CEO da Amazon em julho de 2021.
Segundo o artigo, a empresa está focada em engenharia e manufatura impulsionadas por IA em áreas que incluem computadores, aeroespacial e automobilística, e já contratou pesquisadores vindos da OpenAI, Google DeepMind e Meta. De acordo com alguém familiarizado com o trabalho do Project Prometheus, a startup busca aplicar IA a tarefas físicas, o que exige sistemas capazes de aprender não apenas a partir de grandes volumes de dados digitais, como fazem os LLMs, mas também com tentativa e erro no mundo real.
Mesmo assim, no competitivo universo das startups de IA avaliadas em bilhões de dólares, a concorrência é intensa. Além dos bilhões investidos em empresas como OpenAI, Anthropic e a xAI de Elon Musk, a Thinking Machines, fundada no início deste ano pela ex-CTO da OpenAI, Mira Murati, levantou 2 bilhões de dólares, enquanto o ex-cientista-chefe da OpenAI, Ilya Sutskever, captou 3 bilhões para sua startup de pesquisa, a Safe Superintelligence. Há ainda a francesa Mistral, que fechou uma rodada Série C de cerca de 2 bilhões em setembro, e rumores de que Richard Socher, da You.com, tenta levantar 1 bilhão para um novo laboratório de pesquisa.
Bezos, claro, tem mais do que dólares suficientes para liderar nesse efervescente cenário de IA. Ele também já esclareceu que, embora admita a existência de uma bolha de IA, ela não é igual ao boom e à quebra das pontocom nos anos 1990 e 2000, quando cerca de 5 trilhões de dólares em valor de mercado evaporaram.
“Esta é uma espécie de bolha industrial, diferente das bolhas financeiras”, disse ele na Italian Tech Week no mês passado.
No fim das contas, bolhas industriais podem ser positivas, acrescentou Bezos, apontando que a bolha da biotecnologia e da indústria farmacêutica nos anos 1990 levou ao desenvolvimento de medicamentos que salvaram vidas, ainda que, no processo, muitas empresas que abriram capital durante o boom tenham falido ou sido compradas por uma fração do valor original. Mas, segundo Bezos, bolhas industriais “não são nem de longe tão ruins” quanto outros tipos.
“Pode até ser algo bom, porque quando a poeira baixa e vemos quem são os vencedores, a sociedade se beneficia daqueles investidores”, disse Bezos. “E é isso que vai acontecer aqui também. Isto é real, os benefícios da IA para a sociedade serão gigantescos.”
Bezos, que também investiu no ano passado na Physical Intelligence, uma startup de IA aplicada à robótica, aposta claramente que essa bolha industrial da IA trará grandes retornos. Mas, no mundo da IA, nem mesmo 6,2 bilhões de dólares são suficientes para estourar o champanhe. Pelo menos por enquanto.
