A alta taxa de juros praticada no país é a principal “inimiga” do setor automotivo, segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite.
Em março, o Banco Central (BC) elevou a Selic — a taxa básica de juros do país — a 14,25% ao ano, o maior patamar desde 2016.
“A taxa de juros tem sido nosso principal inimigo nesse momento. O setor depende do crédito, que é fundamental para um setor que quer se reposicionar como o Brasil tem feito”, disse Leite à CNN.
O presidente da Anfavea deixa o cargo na próxima terça-feira (15) e será sucedido por Igor Calvet, que assume como o primeiro presidente executivo da entidade.
Outro desafio elencado pelo presidente da entidade foi o cenário de tensão no comércio exterior.
“É um momento de diálogo, de construção de pontes. O que está acontecendo no mundo é algo completamente inusitado”, comentou Leite.
O Brasil não exporta veículos leves aos Estados Unidos. O setor seria afetado mais diretamente na área de máquinas pesadas.
Além de tarifas recíproca de 10% ao Brasil e outros países, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou taxas sobre todas as importações de aço, alumínio e automóveis dos EUA.
Mas segundo o presidente da Anfavea, o impacto ao Brasil que mais chama atenção é indireto.
“O Brasil depende muito de investimentos em plantas em outras regiões. O México tem uma relevância muito grande para o Brasil”, apontou.
Segundo a Anfavea, o Brasil está passando pelo maior ciclo de investimentos do setor, da ordem de R$ 180 bilhões.
“A gente tem que preservar [esses investimentos] e ter previsibilidade”, pontuou.
Leite relatou que esteve com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, da Indústria, do Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), e mantém um diálogo com o governo para buscar soluções para o setor.
“É hora de serenidade, diálogo, um diálogo técnico”, concluiu.