Em meio ao contraste entre a rica biodiversidade da Amazônia Legal e os baixos índices de arborização urbana de suas capitais, municípios do interior de Mato Grosso despontam como exemplo nacional. Uma das cidades é Lucas do Rio Verde, no médio-norte do Estado, que figura entre as cidades brasileiras com maior cobertura arbórea em áreas urbanas, conforme revelam os dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados na última semana pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Enquanto Belém (PA), futura sede da COP30, apresenta apenas 44,65% de ruas com ao menos uma árvore, Lucas do Rio Verde supera os 93% de população urbana vivendo em vias arborizadas, índice que rivaliza com cidades-modelo como Maringá (PR), Londrina (PR) e Campo Grande (MS). O município mato-grossense mostra que é possível conciliar desenvolvimento, planejamento urbano e compromisso ambiental — especialmente em uma região fortemente influenciada pelo agronegócio.
O levantamento do IBGE, divulgado na última quinta-feira (17), avaliou as condições urbanísticas ao redor dos domicílios em áreas urbanas, onde vivem 85% dos brasileiros. Em diversos estados da Amazônia Legal, o cenário urbano se mostra preocupante. Apenas 39,86% das ruas de Rio Branco (AC) possuem alguma arborização. Em Manaus (AM), o índice é de 44,81%. Mesmo em capitais cercadas pela floresta, como Porto Velho (RO) e Boa Vista (RR), a presença de árvores nas ruas não ultrapassa os 65%.
A discrepância se acentua quando são consideradas apenas ruas com mais de cinco árvores. Nessa categoria, os piores resultados continuam concentrados na Amazônia Legal, com destaque para o Acre (10,7%), Amazonas (13,7%), Roraima (14,5%) e Pará (16,9%).
Na contramão desse cenário, Lucas do Rio Verde, ao lado de Sinop e Rondonópolis, também em Mato Grosso, mostra que o investimento em infraestrutura verde é possível e necessário. Os mais de 93% de cobertura arbórea urbana registrados em Lucas refletem uma gestão comprometida com a qualidade de vida da população, a sustentabilidade e o planejamento urbano de longo prazo.
A cidade integra uma nova geração de municípios médios que têm apostado na integração entre o crescimento urbano e a preservação ambiental como pilares de desenvolvimento. Ao lado de referências como Uberlândia (MG), Maringá e Campinas (SP), Lucas mostra que é possível transformar realidades locais e inspirar boas práticas em todo o país.
Além de manter sua base econômica no agronegócio, Lucas do Rio Verde também aposta em soluções sustentáveis para o futuro, com políticas públicas voltadas à arborização, mobilidade e equilíbrio ambiental. Em tempos de debate global sobre clima e meio ambiente, cidades como Lucas mostram que ações locais podem gerar grandes impactos, servindo de modelo para o Brasil e o mundo.