Após dois dias de intensas reuniões, networking e muitas conversas produtivas em Lugano, uma coisa ficou clara: o mundo está finalmente começando a compreender o potencial das stablecoins, algo que, há um ano, ainda causava espanto. Apresentar o que estamos fazendo no Brasil, conectando stablecoins ao sistema financeiro tradicional, chamou atenção não apenas pela inovação, mas também pelo volume de transações que já realizamos.
No mesmo evento em 2024, eu havia dito que 2025 seria o ano em que todos, de fintechs a governos, reguladores e grandes bancos, falariam sobre stablecoins. E foi exatamente o que aconteceu. O tema dominou painéis, discussões e cafés informais. Ainda há, claro, um longo caminho de entendimento regulatório, mas é animador ver a evolução e o avanço de ideias que aproximam o uso das criptomoedas do mainstream.
Um novo olhar sobre os incentivos e a estrutura das redes
Um dos momentos mais interessantes foi a conversa com Adam Back, da Blockstream, responsável pela Liquid Network. Discutimos a importância de repensar certos vícios do passado, especialmente a visão de que participar de uma rede blockchain só faz sentido se houver retorno financeiro direto.
Acredito que o maior incentivo para manter um node deve ser manter a rede viva, funcional, privada e segura. É isso que garante liberdade e confiança aos usuários. Adam concordou que a sustentabilidade de uma rede está em seu propósito coletivo. A Liquid já mostra isso com taxas baixíssimas por transação, mas ainda há espaço para evoluir, especialmente quando falamos de microtransações e inclusão em países emergentes.
Foi nesse ponto que surgiram discussões sobre novas blockchains, como a Plasma, que já propõe um modelo de transações gratuitas para stablecoins. Afinal, se queremos inclusão, o maior incentivo que podemos oferecer é simples: permitir que qualquer pessoa transacione a custo zero. A segunda parte desse incentivo é mostrar que a liberdade financeira é possível e acessível.
Ferramentas que abrem novas portas
Outro avanço importante é o Wallet Developer Kit (WDK), anunciado pela Tether, que vai permitir que empresas e instituições criem suas próprias carteiras, de autocustódia ou custodiais, com integração facilitada. Isso deve acelerar a construção de pontes entre o sistema financeiro tradicional e o universo cripto, ampliando o alcance global da tecnologia.
Também foi inspirador ver o trabalho da Naka, uma fintech que apresentou um conceito muito próximo ao que já demonstramos em Lugano: um cartão de autocustódia com tecnologia Visa. O usuário assina a transação apenas no momento em que aproxima o cartão do POS, garantindo segurança e praticidade. Esse tipo de inovação mostra que o futuro dos pagamentos digitais já está sendo testado e que a tecnologia está pronta para ir além do discurso.
Lugano, céu azul e o prenúncio de um novo ciclo
Desta vez, Lugano nos recebeu com dois dias de céu limpo e um show de drones que simbolizou o espírito da cidade, um lugar onde a inovação é celebrada com arte e propósito. Como parte agora da Rezolve AI, pudemos dar uma pequena amostra do que virá em 2026, um ano que promete consolidar o que vínhamos construindo: inclusão, interoperabilidade e liberdade financeira global.
Para quem não teve a chance de estar lá, fica o convite: no dia 30 de janeiro de 2026, em El Salvador, acontece o Plan B, evento que vem se tornando o principal ponto de encontro da revolução cripto nas Américas. Será a oportunidade perfeita para ver de perto tudo o que está em desenvolvimento, especialmente o que estamos preparando do nosso lado.
O próximo passo: Truther Rezolve Wallet v2
Durante o evento, adiantamos também que lançaremos a versão 2 da nossa carteira, a Truther Rezolve Wallet, com novas funcionalidades e, principalmente, a chegada de um cartão de autocustódia integrado à rede Visa.
Esse é o próximo passo da jornada que iniciamos no Brasil: tornar a liberdade financeira simples e acessível para todos, sem barreiras técnicas ou geográficas. Com stablecoins, autocustódia e tecnologia de ponta, seguimos firmes no propósito de trazer inclusão e autonomia para quem quer ter controle sobre o próprio dinheiro.
*Rocelo Lopes é CEO da SmartPay