Uma ex-candidata a vereadora de Tabaporã, a 643 km de Cuiabá, diz ter sido vítima de abuso sexual por dois policiais militares após uma reunião política em setembro do ano passado. Ela fez uma denúncia formal na Corregedoria Geral da Polícia Militar de Mato Grosso (PMMT).
Segundo a denúncia, o crime ocorreu no batalhão da cidade, após uma reunião política, no dia 12 de setembro de 2024.
A vítima, que pediu para não ser identificada, relatou que foi convidada para a reunião no batalhão e, após o término, permaneceu no local para um evento social com outros candidatos e policiais.
Durante o evento, ela consumiu bebida alcoólica e, em determinado momento, perdeu os sentidos.
“Eu fiquei desorientada após tomar da mesma bebida deles. Algumas pessoas me disseram que eles podem ter colocado algo na bebida, porque fazem uso de drogas (cocaína), principalmente quando estão de serviço, mas isso não tenho como provar”, disse.
A ex-candidata afirma que dois policiais militares abusaram sexualmente dela, tocando em seus seios e colocando a mão por dentro do seu short, contra a sua vontade – além de ameaçarem estuprar a vítima na frente de todos os presentes.
Ela relata que, ao se dar conta do abuso, confrontou os policiais e deu um tapa no rosto deles. Destacou ainda que ninguém presente a defendeu.
“Nenhum se opôs, ficaram olhando. Eu me senti um lixo”, ressaltou.
A mulher contou que não se lembra como chegou em casa após os fatos, recorda-se apenas que teve um surto e quebrou diversas coisas dentro de casa e encontrou seu companheiro, que a procurava.
No dia seguinte, a ex-candidata detalha ter acordado com dores em suas partes íntimas.
Ao notar a ausência de seu celular, decidiu retornar ao local para procurá-lo. Segundo ela, um dos policiais envolvidos no abuso entregou o aparelho já desconfigurado.
Apesar do companheiro dela inicialmente apoiá-la, no mesmo dia a ex-sogra contratou um advogado para dissolver a união estável com seu companheiro e pedir a guarda do filho de 5 anos do casal.
“Ela me levou para Sinop e me deixou na casa de uma tia. Ainda não tinha assimilado o que aconteceu, estava em surto”, relembra.
A mulher procurou atendimento médico e foi diagnosticada com transtorno afetivo bipolar tipo 1, possivelmente desencadeado pela situação de estresse. O boletim de ocorrência foi registrado no dia 9 de dezembro, três meses depois do ocorrido.
“Existe uma série de coisas que vem acontecendo após esse fato, por isso eu tornei público. Eu quero justiça. Eles já tiveram tempo de coagir as testemunhas, destruíram a minha imagem, o meu casamento, minha família, meu trabalho”, lamenta.
Além de relatar o abuso sexual, ela disse que esposas de policiais militares estão fazendo ameaças contra ela.
Com medo, ela se sente impossibilitada de retornar à cidade e visitar seu filho menor de idade. A ex-candidata também mencionou que o local onde ocorreu o abuso possui câmeras de segurança na frente e no portão.
O Primeira Página procurou a Corregedoria da PMMT para obter informações sobre o andamento da investigação e a reportagem foi informada que o caso está sendo investigado e que o órgão não compactua com este tipo de atitude.
Veja a nota na íntegra:
“A Polícia Militar de Mato Grosso informa que já está investigando o caso que supostamente envolve policiais militares do município de Tabaporã. A Corregedoria Geral abriu procedimento administrativo após a denúncia ser formalizada.
A PMMT reforça ainda que não coaduna com nenhum tipo de violência ou abuso de autoridade e que o caso está sendo investigado com o máximo rigor.”
A Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso informou ao Primeira Página que o caso de violência envolvendo policiais militares ocorrido em dependências militares (quartel) será investigado pela Polícia Militar por se tratar de um crime militar. O procedimento foi encaminhado para a Delegacia de Tabaporã e o Ministério Público já foi comunicado sobre o caso.
Veja a nota na íntegra:
“A Polícia Civil informa que inicialmente, o boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia de Polícia de Sinop, a qual encaminhou o procedimento para a Delegacia de Tabaporã.
Foi instaurado procedimento para apuração e apontado que o fato ocorreu em dependências militares (quartel) e envolvendo policiais militares.
Desta forma, o fato se amolda ao conceito de crime militar, como apontou o Ministério Público que foi comunicado junto com o 21º Batalhão da Polícia Militar acerca da instauração e providências”.
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