O mercado financeiro amanheceu no vermelho nesta terça-feira (04), dando sinais de que será difícil manter novembro no azul após um outubro positivo. O clima azedou nas ações globais. O brilho das empresas de Inteligência Artificial (IA) perde força diante dos resultados mistos e de alertas sobre os preços esticados das big techs, derrubando as bolsas desde a Ásia, passando pela Europa, até chegar a Wall Street.
Assim, o que parecia otimismo virou correção. Bastou uma previsão de Michael Burry, gestor de fundos de hedge famoso pelo filme “A Grande Aposta”, para disparar o movimento. O sinal negativo se espalha pelos demais ativos, contaminando as commodities e também as criptomoedas. A exceção é o dólar, que segue firme em relação às moedas rivais (vide abaixo).
O mercado doméstico também deve sentir a pressão vinda do exterior hoje, um dia após o Ibovespa fechar pela primeira vez na faixa dos 150 mil pontos. Ainda assim, a expectativa de manutenção da taxa Selic em 15% nesta semana frente aos juros de 4% nos Estados Unidos favorece a entrada de dólares no país no curto prazo, aliviando parte do movimento sobre os ativos locais.
Toma-lá-dá-cá
Esse diferencial entre as taxas aqui e lá beneficia – por ora – tanto a bolsa brasileira quanto a renda fixa. Ao mesmo tempo, reforça a atratividade do chamado carry trade, com o ingresso de recursos externos aliviando a cotação do dólar, que ontem fechou em R$ 5,36.
Ao que tudo indica, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter o tom conservador até que o câmbio dê algum alívio. A intenção do Banco Central é evitar uma repetição do que aconteceu no fim de 2024, quando uma saída relevante de recursos externos – em meio às remessas e captações bancárias no exterior – levou o dólar à casa dos R$ 6,00.
Ou seja, enquanto a posição vendida (aposta na queda) das instituições financeiras (bancos, gestoras e fundos de pensão) continuar próxima de níveis recordes, o Copom tende a evitar sinalizações de cortes na Selic – seja em dezembro ou em janeiro. Por ora, o BC deve facilitar a entrada de dólares no país para reduzir a necessidade de financiamento em moeda estrangeira por esses investidores institucionais.
Em suma, os negócios locais podem até acompanhar o movimento de realização vindo do exterior, mas o ambiente doméstico segue propício à tomada de risco. Como se sabe, os investidores apenas trocam de mesa: desfazem suas posições em alguns mercados e alocam esses recursos em outros, buscando retornos mais atraentes.
No fim das contas, o Brasil segue no jogo – ainda que o tabuleiro global tenha virado do avesso.
Passeio pelo mercado
Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram em baixa, contaminando o pregão na Europa, após uma sessão negativa na Ásia.
Entre as moedas, o dólar segue firme em relação às moedas rivais, com o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) próximo à marca de 100 pontos.
Nas commodities, o petróleo tem queda firme, enquanto o minério de ferro negociado em Dalian (China) caiu pela segunda sessão seguida. O ouro também recua.
Entre as criptomoedas, o Bitcoin cai mais de 2,5%.
Agenda do dia
Indicadores
- 9h – Brasil: Produção industrial (setembro)
- 22h45 – China: PMI/S&P composto – indústria e serviços (outubro)
Balanços
- Brasil: Embraer e Klabin (antes da abertura)
- Brasil: Itaú, Pão de Açúcar (GPA), C&A e CSN (depois do fechamento)
- EUA: AMD (depois do fechamento)