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Mercado se adapta ao Copom e calibra aposta para Selic

O Comitê de Política Monetária (Copom) deixou nas entrelinhas a mensagem sobre o que fará em relação à Selic, depois de manter a taxa em 15% pela terceira vez, sem surpresas. O mercado financeiro leu o comunicado como quis: quem viu um tom duro, afasta a chance de corte em breve; quem enxergou mudança sutil, tenta adivinhar quando irá cortar. 

Fato é que o juro básico parado desde junho não gera ganhos extraordinários: é preciso apostar em algum movimento para fazer dinheiro. Os investidores, então, releem o texto atual, comparam com os anteriores, para decidir se a “Selic vai subir, cair ou ficar parada” – por um período bastante prolongado. A expressão, aliás, já não assusta mais. 

Portanto, o dia seguinte à decisão de juros do Banco Central é de ajuste nos preços dos ativos domésticos. A ver, então, se o Ibovespa amplia a sequência de ganhos, após cravar ontem nova pontuação inédita, pela oitava vez consecutiva. O principal índice da bolsa brasileira sobe há 11 pregões seguidos, o que abre espaço para uma realização de lucros.

Dólar (sempre ele)

Mas o que chamou a atenção horas antes do anúncio do Copom foi o comportamento do dólar. A moeda voltou a fechar abaixo de R$ 5,40. Dados dos Estados Unidos sobre o emprego no setor privado afastaram o risco de recessão da maior economia do mundo, o que mantém a esperança de corte nos juros pelo Federal Reserve em dezembro.

Daí, então, o tal diferencial entre as taxas de juros praticadas no Brasil e nos EUA seguiu em operação, alimentando o canal de entrada de recursos externos aqui. Porém, dados do BC mostraram ontem que o ingresso de capital estrangeiro se dá pela conta comercial e não pela via financeira – cujo saldo no ano ainda deixa o fluxo cambial negativo.

Os números da balança comercial em outubro, que saem hoje, devem reforçar esse cenário. No entanto, merece atenção a entrada de quase US$ 4 bilhões na conta financeira na última semana de outubro, o que permitiu a melhora do fluxo cambial no mês passado. O período coincide com a mais recente reunião do Fed, quando cortou os juros para 4%.

Briga interna

Os dados aqui apresentados não devem ser tomados como um fim em si mesmos, mas como uma expressão da queda de braço entre o BC e o mercado. Com a chegada dos gringos para a tomada de risco, em busca de maiores retornos, o segundo round será com os investidores locais (institucionais), que ainda atribuem a cotação do dólar ao risco fiscal.

Em outras palavras, “não fosse um governo de esquerda, se tivéssemos um governo com corte de gastos e controle fiscal, esse dólar seria R$ 4,50”, disse um operador da mesa de um grande banco de investimentos. Qualquer semelhança com o que aconteceu em 2024, nessa mesma época, levando o dólar para além de R$ 6, não é mera coincidência.

O que se vê é uma disputa de versões: o Copom deixa o recado nos detalhes e o mercado lê o que quer. Já o dólar dita  a narrativa no exterior à medida que o Fed opera no escuro, diante do apagão de dados do maior shutdown da história dos EUA. Nesse compasso, os gringos mantêm o ritmo, mas os locais tentam repetir a dançar.

Passeio pelo mercado

Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram com viés negativo, mostrando dificuldades para dar continuidade à recuperação de ontem, um dia após o tombo. 

Na Europa, a sessão também está no vermelho, enquanto na Ásia, prevaleceu o sinal positivo.

Entre as moedas, o dólar perde força em relação às moedas rivais, com o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) abaixo da marca de 100 pontos.

Nas commodities, o petróleo sobe e o minério de ferro negociado em Dalian (China) subiu pela primeira vez na semana. O ouro também avança. 

Entre as criptomoedas, o Bitcoin cai, mas segue acima de US$ 100 mil. 

Agenda do dia

Indicadores

  • 15h – Brasil: Balança comercial (outubro)

Eventos

  • 9h – Reino Unido: Decisão de juros (BoE)
  • 10h30 – Brasil: Lula abre cúpula de líderes da COP 30
  • 16h – México: Decisão de juros (Banxico)

Balanços

  • Brasil: Alpargatas, Assaí, BrasilAgro, Caixa Seguridade, Energisa, Lojas Renner, Magazine Luiza, Petrobras, Suzano e Tenda (depois do fechamento)

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