O combate às facções criminosas em Mato Grosso está avançando para o interior. Como parte do plano de expansão da Operação Tolerância Zero, a Polícia Civil anunciou a ampliação das Delegacias Especializadas de Repressão às Facções Criminosas (DRACOs) para cidades estratégicas do estado.
A medida busca levar à repressão ao crime organizado para os centros de maior incidência, garantindo que nenhuma região fique fora do alcance das forças de segurança.
Atualmente, o estado conta com DRACOs em Cuiabá, Cáceres e Sinop, mas estudos já indicam novas unidades em municípios como Barra do Garças e outras áreas críticas.
Segundo Cláudio Álvares, diretor de Atividades Especiais da Polícia Civil de Mato Grosso, essa expansão é essencial para descentralizar o combate às facções.
“Saímos de uma central em Cuiabá para abraçar todo o estado. Onde houver uma vara do crime organizado, haverá uma DRACO”, explicou.
A Polícia Civil também está investindo no enfraquecimento econômico das facções. A criação de uma coordenadoria especializada em lavagem de dinheiro e recuperação de ativos é uma das principais estratégias para desarticular o crime organizado.
“Batemos muito nesse ponto da questão de lavagem de dinheiro, recuperação desse dinheiro sujo. Esse recurso recuperado é usado para reestruturar as forças de segurança pública, fortalecendo a Polícia Civil e a Polícia Militar”, detalhou Álvares.
Outro ponto de destaque é a presença policial em todo o território estadual. Diferente de outros estados, onde existem áreas dominadas por facções e comunidades inacessíveis às forças de segurança, em Mato Grosso a polícia garante controle total.
“No estado de Mato Grosso, não existe ponto algum que a polícia não entre e que a polícia não trabalhe, não atue. Aqui, quem tem que ditar a segurança pública são os órgãos de segurança”, destacou o delegado.
Sobre os sinais utilizados por facções criminosas para marcar territórios, Álvares ressaltou que muitas vítimas de assassinatos relacionados a esses sinais são inocentes.
“A gente tem conhecimento de facções com um sinal, com outro sinal, e a gente vê também que muita gente inocente, que pouco sabe desses sinais e pouco tem ligação com o crime, estão morrendo. Alguns nunca souberam que aquilo ali é um sinal de uma facção ou que aquilo ali tem relação ao crime. Então a polícia, assim como toda a sociedade, acha um absurdo”, afirmou.
Embora existam orientações institucionais sobre os sinais, Álvares destacou que o principal foco da polícia é o combate direto ao crime organizado.
“A instituição tem orientado sobre a questão de sinais, mas penso eu que a questão principal é combater. Esse tipo de comportamento do crime organizado é inaceitável”, concluiu.