MT tem 165 mil mulheres empreendedoras e número só cresce

Um levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) revela que mais de 9 milhões de empresas no Brasil são lideradas por mulheres, representando 41% de todos os negócios do país. A expectativa é que esse número continue crescendo.

Em Mato Grosso, 37% das empresas têm uma mulher no comando: são 165 mil empreendedoras. Em 2024, o Governo do Estado liberou R$ 23 milhões para incentivar, esse tipo de negócio.

Histórias de superação e sucesso mostram como elas inovam, geram renda e fortalecem suas comunidades. Para muitas, esse caminho se tornou possível com apoio financeiro.

Entre elas está Lia Celiria da Silva, que vive em uma chácara a 40 km de Sinop, no norte do estado, e a 503 km de Cuiabá. Lá, ela se dedica à produção de queijos e criação de peixes, consolidando seu espaço no mercado.

 “Nós temos os queijinhos mais curados, temos fresquinho, requeijão, doce de leite, a manteiga, ovos e temos o leite também, que é a base de tudo isso aqui. Tudo produzido aqui: os doces, tem geleias, goiaba, suco de acerola. Toda produção é feita aqui na nossa pequena chácara”, destaca Lia.

O empreendedorismo é forte por lá e começou a partir de uma necessidade.

“Trabalhava no comércio na cidade e decidi cuidar da minha mãe, não foi exatamente uma opção, mas foi uma oportunidade de conviver mais com minha mãe, ela tem 94 anos”, explica.

Lia explica ainda que, com o tempo, o espaço onde ela vive foi se transformando naturalmente, e ela foi encontrando maneiras de empreender, melhorando um aspecto aqui, outro ali, até consolidar seu negócio.

A produtora rural Vivian Calixto também faz parte desse universo. Há 4 anos, tudo que ela produz na chácara, ela vende na feira.

“A gente só sabia vender os pedaços da carne. Hoje a gente sabe fazer uma variedade de embutidos, defumados de toda essa área, para atender os pedidos. A gente foi atrás e fez vários cursos, estamos buscando mais variedades de produtos na linha de queijo, de leite”, conta Vivian.

Segundo ela, a ideia é continuar crescendo.

“Nosso objetivo é cada vez mais aprender mais, correr atrás de mais qualidade, mais sabor, para não perder a mão daquilo que a gente leva e agrada no sabor artesanal, algo 100% caseiro”, ressalta.

De acordo com a coordenadora do Sebrae Sinop, Leandra Franco, a busca pelo conhecimento ajuda a qualificar esse modelo de negócio.

“Muitas vezes a mulher empreende, mas não se vê como empreendedora. Às vezes ela vende um cosmético, ou uma roupa, ou tem uma loja online, ou na própria casa, mas ela se vê como do lar e que aquilo é apenas uma renda extra, e não. O que estamos buscando é fazer ações, cursos, palestras, oficinas, para mostrar para elas e evidenciar que aquilo que elas fazem é empreendedorismo, e se formalizar como empresária só trará mais ganhos”, afirma a coordenadora.

Há três anos, o ideal de uma alimentação saudável levou a empreendedora Tatiane Kelm para o comércio de castanhas, mas foi para ficar mais perto da filha, que ela deixou a arquitetura de lado e investiu no próprio negócio.

“Foi uma reviravolta na minha jornada. Eu comecei a empreender após descobrir uma gestação. Eu já tinha o meu escritório funcionando, mas por não ter a equipe ainda formada para dar sequência em projetos e assumir compromissos com clientes, fui atrás de castanhas para consumo próprio e disso surgiu uma ideia de revendê-las e faturar, para monetizar nesse período da gravidez. Após a gestação não retomei com a arquitetura, isso já faz três anos”, detalha Tatiane.

Ela conta que o empreendedorismo lhe trouxe reconhecimento e abriu caminhos para novos planos.

“O Sebrae é um grande parceiro. Ele foi essencial, na verdade, para nós chegarmos até aqui. Eles oferecem muitas consultorias, muitos preparos e ficam à disposição, realmente, para fortalecer o pequeno empreendedor e isso fez um grande diferencial para estarmos onde nós estamos hoje”, conclui.