O senador Nelsinho Trad (PSD), presidente da CRE (Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional) do Senado, afirmou em entrevista ao Papo das 7, no Bom Dia MS desta sexta-feira (15), que o Programa Brasil Soberano é a principal estratégia do governo federal para atenuar os efeitos das sobretaxas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.
O chamado “tarifaço” foi anunciado no início deste mês pelo presidente norte-americano Donald Trump e já preocupa empresários e trabalhadores brasileiros.
Nelsinho contou que liderou uma comitiva brasileira aos Estados Unidos para abrir um canal de diálogo com parlamentares americanos. Ele relatou que, com a articulação, foi possível excluir quase 700 produtos da lista atingida pelas tarifas.
“Nós estivemos com nove senadores e uma deputada federal para explicar os prejuízos que essas tarifas trariam não só para o Brasil, mas para o próprio Estados Unidos”, disse.
Segundo Nelsinho, o Brasil Soberano foi apresentado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) com três pilares centrais:
- Reforço do setor produtivo afetado pelas tarifas;
- Manutenção dos empregos ameaçados;
- Abertura de novas frentes de negócios para compensar perdas.
O programa chegou ao Congresso por meio de medida provisória, e, para entrar em vigor, precisa de aprovação parlamentar. Trad destacou que é preciso atenção aos detalhes:
“Vai ter empréstimo? Vai. Vai ter linha de crédito? Sim. Mas é empréstimo, tem que pagar. Qual será a taxa de juros? Isso pode mudar. Temos que garantir que o apoio chegue de forma justa aos setores realmente atingidos”, alertou.
Para o senador, a sobretaxa norte-americana foi “injusta” e desrespeitou a história diplomática entre os dois países.
“Nós temos 206 anos de relações diplomáticas com os Estados Unidos. Estávamos no piso das tarifas, e da noite para o dia fomos para o teto. É como penalizar um cliente fiel que paga em dia e dá lucro”, criticou.
Mesmo insatisfeito, Trad defendeu que a resposta brasileira deve ser pelo diálogo e não pelo confronto direto.
“Não adianta querer brigar. Eles são muito mais fortes que a gente. Precisamos usar o que o brasileiro sabe fazer, pacificar, dialogar e retomar a normalidade, porque o reflexo a longo prazo pode ser muito ruim.”
O senador também afirmou que manteve contato direto com parlamentares norte-americanos e que, após o recesso de verão nos EUA, o tema deve voltar à pauta.
“O canal de diálogo está aberto. Mostramos para cada senador qual prejuízo o estado que ele representa pode ter com essa sobretarifa. Foi um trabalho minucioso, que baixou a temperatura e deixou o governo brasileiro com mais espaço para negociar”, disse.
Além da defesa do agronegócio brasileiro de forma ampla, Trad lembrou do impacto direto em setores importantes para Mato Grosso do Sul, como a celulose, o ferro-gusa e a carne bovina, esta última ainda sob tarifas pesadas.
“Lá eles não comem picanha como aqui, usam o dianteiro do boi para fazer hambúrguer, que é o prato mais consumido. Vamos continuar tentando minimizar os efeitos para esses setores”, concluiu.
